Cristiana Chamorro, opositora de Daniel Ortega, é condenada em julgamento de fachada na Nicarágua

Jornalista é acusada pelo governo de crimes financeiros e está em prisão domiciliar desde 2021

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São Paulo | AFP e Reuters

A jornalista Cristiana Chamorro, opositora do ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, foi considerada culpada nesta sexta (11) num julgamento de fachada, após acusações de crimes financeiros ​pelo governo do país.

Cristiana foi condenada por lavagem de dinheiro, que teria ocorrido por meio de uma fundação administrada por ela e dissolvida no início de 2021. Os promotores disseram que Chamorro recebeu dinheiro do exterior "para desestabilizar o governo".

Ela e o irmão, o ex-deputado Pedro Joaquín Chamorro, também foram condenados por gestão abusiva, apropriação indébita e retenção de fundos.

A jornalista e opositora do governo da Nicarágua Cristiana Chamorro durante entrevista em Manágua
A jornalista e opositora do governo da Nicarágua Cristiana Chamorro durante entrevista em Manágua - 31.mai.2021/AFP

A pena de Cristina Chamorro foi decidida, no entanto, apenas semana depois, no dia 21 de março: 8 anos —diferente da sugestão dos promotores do caso, que são alinhados ao governo Ortega e pediam 13 anos. Segundo o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos, ela seguirá em prisão domiciliar (como já estava desde junho).

Três ex-funcionários da Fundação Violeta Barrios de Chamorro também foram condenados. Os advogados de defesa negam as acusações. "Querem manchar o meu nome, mas não vão conseguir, nunca vão conseguir manchar o nome do meu pai nem o da minha mãe, porque sou inocente", disse a opositora no final do julgamento, de acordo com o site de notícias 100% News, crítico do governo.

A filha da ex-presidente Violeta Barrios de Chamorro (1990-1997) começou a ser investigada depois que o Ministério do Interior a acusou de irregularidades na administração da fundação que leva o nome de sua mãe —a organização se dedica à defesa da liberdade de expressão e à formação de jornalistas.

Violeta Barrios derrotou Ortega nas urnas em 1990, quando ele tentou a reeleição após o primeiro mandato (1985-1990). Ele assumiu o cargo novamente em 2007 e foi reeleito pela quarta vez consecutiva no ano passado, depois que muitos de seus oponentes foram presos.

"Meus irmãos Pedro Joaquín e Cristiana Chamorro proclamaram sua inocência nos poucos minutos que tiveram para falar", escreveu o irmão deles, Carlos Chamorro, em um post no Twitter após a condenação.

Cristiana foi presa na mesma semana que sete outros potenciais rivais políticos. Ao todo, 46 oponentes do esquerdista Ortega, um ex-comandante da guerrilha, foram presos durante as eleições do ano passado.

No início desta semana, a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet, exortou Ortega a restabelecer um "processo eleitoral crível, justo e transparente" antes das eleições municipais no país centro-americano, no fim deste ano.

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