Descrição de chapéu Guerra na Ucrânia Rússia

Filho consegue contato com brasileira desaparecida há 27 dias na Ucrânia

Família diz que artesã paraibana foi em direção à Crimeia com o marido e a sogra

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Aline Martins
João Pessoa

A artesã paraibana Silvana Pilipenko, 54, que vivia em Mariupol, cidade sitiada no sul da Ucrânia, e estava desaparecida havia 27 dias, fez contato nesta semana com seus familiares. Eles não tinham notícias a seu respeito desde que o prédio em que ela morava foi alvo de um bombardeio, no início do mês.

Gabriel Pilipenko, filho da artesã, falou com ela por telefone, segundo a irmã dela, Rosimeri Vicente. "A internet está ainda muito ruim, e ele conseguiu falar por poucos minutos", disse. Ela não tem detalhes sobre o estado de saúde de Silvana. "A única certeza é que estava viva, e a gente fica feliz com isso."

De acordo com a família, a brasileira, que mora na Ucrânia há 27 anos, está indo para a Crimeia, península no sul do país anexada pela Rússia em 2014. Ela viaja com o marido, o ucraniano Vasili Pilipenko, e a sogra, de 86 anos. Rosimeri diz que ainda não sabe se Silvana ficará na Crimeia, se seguirá para outras cidades ou se tentará voltar ao Brasil.

Silvana Pilipenko, 54, paraibana que mora há 27 anos na Ucrânia, estava desaparecida desde 2 de março
Silvana Pilipenko, 54, paraibana que mora há 27 anos na Ucrânia, estava desaparecida desde 2 de março - @silvanapilipenko no Instagram

Desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, a artesã paraibana relatou o dia a dia do conflito aos familiares na Paraíba, por meio de publicações em sua rede social.

Em um vídeo, Silvana citou as principais dificuldades enfrentadas pela população de Mariupol, como a falta de água e energia elétrica e a escassez de alimentos nas prateleiras dos supermercados. Diante disso, chegou a informar para a família que temia que nos dias seguintes não conseguisse manter o contato por falta de internet.

A cidade portuária onde ela vivia é atacada pelos russos desde o começo da guerra e tem uma das situações mais graves da Ucrânia, com atentados a civis e falta de suprimentos básicos —até o Comitê Internacional da Cruz Vermelha deixou a cidade, em 17 de março.

De acordo com a prefeitura, 160 mil pessoas ainda não conseguiram sair de lá. O governo local diz que 5.000 moradores morreram em decorrência dos ataques russos. Entre as vítimas estariam 210 crianças. Os números não puderam ser verificados de forma independente. Os relatos mais recentes apontam, inclusive, para covas coletivas para enterrar os mortos nos ataques.

O filho de Silvana, que é engenheiro naval, estava a trabalho em Taiwan, mas decidiu deixar a ilha asiática e ir à Europa em busca de informações da mãe. Ele foi para a Alemanha e tinha o objetivo de ir até Odessa, na Ucrânia, mas não prosseguiu diante da série de bombardeios na região.

À Folha o secretário-executivo de Representação Institucional na Paraíba, Adauto Fernandes, informou que há dez dias vinha dialogando com o filho de Silvana. "Na semana passada, a gente participou de uma reunião com o diplomata André Mourão, que está na Ucrânia. E ontem a gente recebeu a notícia que o Itamaraty, por meio da ajuda do filho, conseguiu localizá-la", afirmou.

Fernandes disse ainda que a paraibana, seu marido e a sogra receberão uma carta do Itamaraty para tentarem deixar a Ucrânia.

Silvana havia estado no Brasil em janeiro e tinha viagem marcada para retornar em 20 de março.

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