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Guerra na Ucrânia: Putin e Zelenski travam batalha de desinformação

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São Paulo

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As imagens diárias de ataques e a sequência de declarações divulgadas pelas autoridades nas redes sociais escondem a dimensão de outra frente de batalha entre Rússia e Ucrânia, em conflito há 22 dias: a guerra da informação.

Do lado de Moscou, há a censura a jornalistas e a veículos de imprensa, repressão a protestos, bloqueio de redes e monitoramento de vozes críticas. No território ucraniano, o risco de ataques e a divulgação de rumores. O ambiente virtual tem sido habilmente utilizado pelo presidente Volodimir Zelenski.

  • Sites de ao menos 15 veículos de comunicação foram bloqueados pela agência reguladora do governo Vladimir Putin, segundo um levantamento da AFP;

  • O Kremlin sancionou uma lei que pune com até 15 anos de prisão jornalistas que divulgarem "informações falsas", o que inclui chamar de "guerra" o que o regime considera como "operação militar especial".

Cartazes com o rosto do presidente Vladimir Putin em meio a placas de trânsito.
Cartazes com o rosto do presidente russo Vladimir Putin em Simferopol, na Crimeia, na quarta (16) - AFP

Rapidez: Na terça, uma editora do principal telejornal da Rússia foi multada em 30 mil rublos (R$ 1.430) um dia após fazer um protesto ao vivo. Ela levantou um cartaz que dizia "aqui todos mentem".

  • 150ª é a posição da Rússia no ranking de liberdade de imprensa da ONG Repórteres Sem Fronteiras, entre 180 países; Ucrânia fica em 97º;

  • 14.977 pessoas foram presas no país por se manifestarem publicamente contra a ação russa, segundo a ONG OVD-Info.

Cerco de perto: O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, chamou nesta quinta-feira (17) de traidoras pessoas estão saindo de seus empregos e deixando o país.

E de longe: A youtuber russa Olga Kovalenko, que vive há três anos no Brasil, conta que sua família foi procurada por autoridades russas que perguntaram sobre seus documentos. Em vídeos recentes, ela havia falado sobre a guerra —não sabe, porém, se essa foi a razão da visita.

Limite: A colunista Lúcia Guimarães aponta que a cortina de ferro imposta sobre a informação, usada na TV por Putin para consolidar seu poder, pode não ter mais a mesma eficácia agora, com os jovens que recorrem ao VPN para driblar os bloqueios.

Segurança de jornalistas

Na região de Kiev, os profissionais de imprensa são vistos com desconfiança nos postos que controlam a entrada e a saída de pessoas, comandados pelo Exército ou por grupos de milicianos. O medo e a inexperiência dos fiscais muitas vezes tornam inviável o acesso de jornalistas a algumas áreas.

E mesmo aqueles com identificação de imprensa podem ser alvos.

  • 4 jornalistas foram mortos durante a cobertura de ataques na Ucrânia desde 24 de fevereiro, segundo balanço do Repórteres Sem Fronteiras.

Com o toque de recolher de 35 horas imposto na capital ucraniana e encerrado nesta manhã, mesmo jornalistas credenciados não puderam circular.
"Assim, as afirmações enviadas pelo governo ucraniano, de que mais um edifício foi atacado nesta manhã [que quarta, 16], não puderam ser confirmadas por jornalistas independentes", relata o enviado da Folha André Liohn.

Não se perca

A campanha de desinformação na guerra não ocorre somente do lado russo. Os repórteres João Gabriel e Mayara Paixão mostram exemplos de quando autoridades da Ucrânia divulgaram notícias falsas para tentar comover a opinião pública. Veja três deles:

O fantasma de Kiev

  • O que foi divulgado: Foto de um caça ucraniano que, sozinho, derrubava unidades da poderosa Força Aérea de Putin. O piloto ganhou status de herói nacional

  • O que foi desmentido: As imagens são de um jogo de simulação de voo, como mostrou o jornal The New York Times

Ataque em corredor humanitário

  • O que foi divulgado: Exército russo atacou um comboio durante o cessar-fogo, matando sete civis, incluindo uma criança

  • O que foi desmentido: As vítimas estavam fora dos corredores de paz, como o Ministério da Defesa ucraniano corrigiu

Ataque a mesquita

  • O que foi divulgado: Russos atacaram uma mesquita do sultão Soliman em Mariupol com "mais de 80 adultos e crianças"

  • O que foi desmentido: O líder do templo e um dos envolvidos nas operações negaram

O que aconteceu nesta quinta

Imagem do dia

Imagem aérea mostra parte de cima de um prédio destruída.
Prédio residencial atingido em Kiev por restos de um míssil russo abatido; ao menos uma pessoa morreu - Fadel Senna/AFP

O que ver e ouvir para se manter informado

Veja como foi o debate sobre o conflito no Leste Europeu, mediado pela Folha nesta quinta, e a despedida de uma família ucraniana de sua casa antes da fuga:

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