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Lockdown em Xangai confina 25 milhões e provoca escassez de produtos

China resistiu em colocar polo financeiro em isolamento, mas adotou medida diante de surto de Covid

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Wang Xintong
Xangai | Caixin

Xangai iniciou um lockdown em toda a cidade, com duas fases, nestaa segunda-feira (28) para testar seus 25 milhões de moradores, enquanto os casos diários locais atingem novo pico em seu pior surto de Covid-19 até hoje.

Na primeira fase, o distrito financeiro de Pudong e áreas vizinhas, localizados a leste do rio Huangpu, que divide a cidade, serão isolados entre segunda e sexta-feira, enquanto áreas a oeste do rio entrarão em lockdown de sexta a terça (5), segundo declaração feita no domingo pela Comissão Municipal de Saúde de Xangai.

O polo financeiro da China tinha negado anteriormente que pretendia impor o lockdown a toda a cidade. Ainda no sábado (26), autoridades de saúde locais disseram que Xangai não entraria em lockdown total pois isso teria impacto negativo nas economias nacional e global.

Oficial de trânsito usa equipamento de proteção, enquanto controla o acesso a um túnel em direção ao distrito de Pudong, em Xangai
Oficial de trânsito usa equipamento de proteção, enquanto controla o acesso a um túnel em direção ao distrito de Pudong, em Xangai - Hector Retamal - 28.mar.22 / AFP

No entanto, apesar de impor restrições rígidas como o bloqueio parcial de residências e escritórios, as infecções locais produzidas pela variante ômicron continuaram em disparada. A cidade relatou 3.500 novos casos no domingo, o maior número diário desde o início da pandemia, elevando o total neste surto a mais de 16 mil.

Wu Fan, membro da equipe de especialistas anti-Covid em Xangai, disse em entrevista coletiva na segunda que a cidade encontrou núcleos localizados de infecções, assim como alguns casos dispersos pela cidade —portanto há um risco potencial de um surto mais amplo na comunidade como um todo.

O lockdown da cidade toda é uma "medida mais decisiva e resoluta" para "reduzir o movimento de pessoas, encontrar rapidamente novos casos de Covid e eliminar completamente a transmissão oculta do vírus na comunidade", disse Wu.

Nas áreas bloqueadas, todos os moradores devem ficar em casa. As autoridades vão suspender o transporte público –incluindo ônibus, metrô e balsas– assim como táxis e motoristas por aplicativo. Véiculos não autorizados não poderão trafegar nas ruas.

Nessas áreas, todas as empresas só podem operar com limites de horário e pessoal reduzidos ou ter seus empregados trabalhando em casa, com exceção de empresas de serviços públicos que fornecem serviços básicos e estão envolvidas no funcionamento da cidade, como a distribuição de água, eletricidade, gás e abastecimento de alimentos.

A declaração salientou a necessidade de garantir o suprimento de necessidades cotidianas com preços estáveis. Ela também pediu a facilitação do atendimento a moradores com necessidades especiais, como mulheres grávidas e pacientes de câncer, que precisem ser hospitalizados.

Depois da declaração, a Tesla pretende suspender a produção em sua fábrica de Xangai durante pelo menos um dia, relatou a agência Bloomberg.

O lockdown provavelmente vai perturbar a vida de pessoas já frustradas por semanas de medidas de controle rígidas.

Muitos moradores que foram postos recentemente sob restrições severas acharam difícil comprar alimentos, e os preços de alguns produtos dispararam. Um morador local de sobrenome You disse à revista

Caixin que devido aos suprimentos diários limitados sua mãe teve de sair de casa às 5h durante vários dias para encontrar legumes em um mercado.

Ele também viu uma fila de até 100 metros diante de um supermercado no domingo quando tentou comprar legumes frescos.

Segundo um grupo de bate-papo que You frequenta, uma moradora de Pudong disse que ela e outras que vivem no bairro estão achando difícil pedir entrega de comida online devido às restrições.

Na quarta-feira, Xangai presenciou a primeira morte ligada às restrições da Covid em seu último surto, quando uma enfermeira morreu de ataque de asma depois de ter sua entrada recusada no hospital onde trabalhava.

Os últimos casos levantaram questões sobre se Xangai pode efetivamente equilibrar sua resposta à Covid com as necessidades básicas das pessoas, depois que a cidade no ano passado ganhou aplausos por rapidamente controlar surtos locais.

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