Descrição de chapéu União Europeia

Macron, presidente da França, anuncia que vai tentar reeleição

Líder tem buscado assumir protagonismo diplomático na guerra da Ucrânia e aparece como líder das pesquisas

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Paris | Reuters

O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou nesta quinta (3) sua candidatura para as eleições de abril. Caso vença —e as pesquisas de intenção de voto o mostram na dianteira—, ele será o primeiro líder em duas décadas a conseguir se reeleger no país.

Há muito especula-se sobre a candidatura do presidente francês. A formalização de sua participação nas eleições foi feita por meio de uma carta aos franceses, divulgada a veículos de imprensa locais, e vem em meio a sucessivas tentativas de Macron para assumir protagonismo da diplomacia em torno da guerra na Ucrânia.

Emmanuel Macron, presidente da França, em uma galeria de Paris - Etienne Laurent - 3.mar.17/AFP

Macron entra na corrida eleitoral cerca de um mês antes do primeiro turno das eleições, marcado para 10 de abril. Pesquisas de opinião o projetam como favorito para vencer a disputa, em meio a uma esquerda fragmentada e ao crescimento da ultradireita.

Agregador de pesquisas da plataforma Politico mostra o atual presidente com 25% das intenções de voto. Na sequência vem Marine Le Pen, do Reunião Nacional, com 17%. E, em terceiro, está o polemista Eric Zemmour, que disputa a base conservadora com Le Pen, com 14%.

"Sou candidato a criar, ao lado de vocês, face aos desafios do século, uma resposta francesa e europeia única", diz Macron em um trecho da carta aos franceses.

Em outra parte, afirma que não poderá construir a campanha como gostaria "devido ao contexto", provavelmente referindo-se à guerra no Leste Europeu e à pandemia de Covid-19, que arrefece após o aumento de casos impulsionado pela variante ômicron.

Macron chegou ao Palácio do Eliseu, a sede do governo francês, em 2017. Tornou-se, então, o presidente mais jovem já eleito no país, com 39 anos. Antes, atuou como ministro da Economia de seu antecessor, o socialista François Hollande.

Por parte da oposição, o anúncio da candidatura do francês foi recebido com críticas prévias de que sua atuação na diplomacia não pode obliterar o debate sobre assuntos domésticos caros à população. A direitista Valérie Pécresse, dos Republicanos —legenda do ex-presidente Nicolas Sarkozy—, foi uma das que levantaram o assunto.

"A gravidade da situação internacional exige responsabilidade e uma oposição à altura, mas os franceses não podem ser privados de um verdadeiro debate democrático, porque é o destino da França e o futuro de nossos filhos que estão em jogo", disse, em discurso televisionado, segundo o jornal Le Monde. Pécresse aparece em quarto nas pesquisas de intenção de voto, com cerca de 13%.

Le Pen aproveitou a participação em um programa de TV, pouco após a confirmação da tentativa de reeleição, para argumentar que Macron seria culpado por todas as recentes crises francesas. Referia-se à revolta dos coletes amarelos, às manifestações contra uma reforma da previdência proposta e, também, à crise sanitária. "Ele é o responsável pela angústia, pela perda das liberdades sofrida pelos franceses."

Zemmour, por sua vez, candidato conhecido por uma agenda anti-imigração —e condenado por incitação ao ódio—, rebateu o trecho em que Macron propõe investir no sistema educacional para "tornar os professores mais livres e bem pagos". "Macron odeia a nossa identidade. Nós a valorizamos e vamos passá-la para os nossos filhos", escreveu o polemista, apelidado de Trump francês, no Twitter.

Macron enfrentou diferentes turbulências como líder de uma das maiores economias europeias. Já em 2018, viu-se encurralado em protestos dos chamados "coletes amarelos", que surgiu naquele ano contra um novo imposto sobre combustíveis e se desdobrou em demandas mais amplas que questionam o alto custo de vida na França.

Pelo menos 2.500 manifestantes e 1.800 policiais ficaram feridos, e o governo foi criticado pela forma que reprimiu os protestos. O colete, obrigatório em todos os veículos como item de segurança, está relacionado à classe trabalhadora e aos motoristas de caminhão.

Pouco mais de um ano depois, veio a Covid. Macron enfrentou críticas e protestos nas ruas contrários a medidas como a exigência do passe vacinal. Chegou a dizer, em fala polêmica, que desejava "irritar os não vacinados", quando reintroduziu restrições frente ao aumento de casos.​

A França soma mais de 22,9 milhões de casos de Covid desde o início da pandemia e mais de 138 mil mortes em decorrência da doença. Cerca de 78% da população está com primeiro esquema vacinal completo, e 53% já receberam a dose de reforço, segundo dados da plataforma Our World in Data. A média móvel de casos diminui consecutivamente desde a última semana de janeiro.

Por fim, ainda em meio à disseminação do coronavírus, teve início a guerra na Ucrânia, invadida militarmente pela Rússia. Sem a primeira-ministra Angela Merkel, importante interlocutora de Vladimir Putin, no comando da Alemanha, coube ao presidente francês tentar alçar protagonismo diplomático no conflito.

Foram, até aqui, 11 conversas bilaterais com Putin, segundo contagem da agência de notícias Reuters. A mais recente foi nesta quinta, antes do anúncio da candidatura. Segundo uma fonte do Palácio do Eliseu que não quis se identificar, Macron saiu da conversa certo de que o pior da guerra ainda está por vir.

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