Descrição de chapéu talibã Ásia

Meninas afegãs vão às ruas protestar contra fechamento de escolas pelo Talibã

Grupo fundamentalista reverteu decisão de abrir colégios secundaristas para as estudantes

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Cabul | AFP

Dezenas de meninas e mulheres protestaram neste sábado (26), em Cabul, com a palavra de ordem "abram as escolas", manifestando-se contra a decisão do Talibã de fechar os institutos secundaristas horas depois de terem aberto esses colégios.

Em 23 de março, milhares de adolescentes afegãs voltaram às escolas depois de o Ministério da Educação estabelecer a retomada das aulas. Porém, algumas horas depois, as autoridades anunciaram que reverteram a decisão, o que decepcionou e revoltou as estudantes e gerou indignação dos governos estrangeiros.

Garotas afegãs protestam em frente ao Ministério da Educação em Cabul - Sahel Arman/AFP

As adolescentes afegãs estão sem acesso à educação há sete meses.

"Abram as escolas!", gritaram as manifestantes, algumas delas segurando seus livros escolares. Muitas levavam cartazes com a mensagem "A educação é nosso direito fundamental, não é um plano político", antes de se dispersarem após a chegada de talibãs ao local.

O Talibã não explicou o recuo, que se oficializou após uma reunião de altos quadros na cidade de Kandahar, no sul do país —centro espiritual desse grupo islâmico radical.

O plano de abrir as escolas para as mulheres foi estabelecido após meses de trabalho com governos estrangeiros para apoiar o pagamento dos professores.

Desde seu retorno ao poder, em 15 de agosto, os talibãs reverteram décadas de avanços nos direitos das mulheres, que foram afastadas de muitos cargos no governo, impedidas de viajar sozinhas e obrigadas a seguir um código de vestimenta de acordo com uma interpretação rigorosa do Alcorão.

"Confio que veremos a reversão dessa decisão nos próximos dias", disse neste sábado o emissário americano para o Afeganistão, Thomas West, em um fórum de políticos e empresários em Doha, no Qatar.

Os EUA cancelaram conversas que teriam com a linha dura dos talibãs devido a essa proibição. "Me surpreendeu o retrocesso de quarta-feira. Isso é, antes de tudo, uma violação à confiança do povo afegão", disse West.

"Nossa política não está contra a educação das meninas", declarou à AFP um porta-voz talibã, Suhail Shaheen. Segundo ele, houve "alguns problemas de ordem prática que não foram resolvidos antes da data limite" prevista para a abertura das escolas de ensino médio, no dia 23.

Os observadores temem que os novos líderes do país voltem a proibir a escolarização das meninas, como fizeram durante seu primeiro regime, de 1996 a 2001.

Para a paquistanesa Malala Yousafzai, prêmio Nobel da Paz, que sobreviveu a uma tentativa de assassinato por parte dos talibãs paquistaneses quando tinha 15 anos, dessa vez será "muito mais difícil" para eles manterem as escolas fechadas.

A diferença em relação a antes é que "as mulheres viram o que significava ter educação".

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.