Parlamentares pressionam Biden a receber mais refugiados da guerra da Ucrânia

Casa Branca diz que prioridade é auxiliar países europeus que acolhem ucranianos

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Washington | Reuters

Mais de 3 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia para países vizinhos desde a invasão russa, em 24 de fevereiro, segundo dados das Nações Unidas, mas os Estados Unidos só admitiram centenas de refugiados ucranianos até agora, o que fez alguns críticos questionarem a política do governo americano.

Um grupo de mais de 30 parlamentares democratas instou o presidente Joe Biden, em uma carta de 11 de março, a aumentar as admissões de refugiados e permitir que ucranianos com familiares nos EUA entrem mais rapidamente por meio de um mecanismo temporário conhecido como "liberdade humanitária".

Ucraniana carrega sua filha na fronteira do México com os EUA, em Tijuana - Jorge Duenes/Reuters

O deputado Raul Ruiz, médico e presidente do Congressional Hispanic Caucus, que escreveu a carta, viajou para a fronteira da Polônia com a Ucrânia no início deste mês como parte de uma delegação de democratas e republicanos. "A crise pode sobrecarregar os países que atualmente hospedam muitos dos refugiados ucranianos, e os Estados Unidos devem liderar o esforço para auxiliar esses países a ajudar os vulneráveis ​a escapar da guerra", escreveu ele, na carta.

Victoria Spartz, republicana de Indiana e imigrante ucraniana, estava na delegação e disse à Fox News que a resposta humanitária não pode ser "um problema só da Polônia". A urgência da crise foi destacada pela esposa do presidente ucraniano Volodimir Zelenski, Olena Zelenska, que disse à ABC News que estava pedindo às mulheres americanas que apoiassem mulheres e crianças ucranianas em busca de refúgio.

Uma coalizão de mais de duas dúzias de organizações judaico-americanas também pressionou Biden na semana passada para aumentar as admissões de refugiados ucranianos, dizendo que "nossa comunidade sabe muito bem o que acontece quando os Estados Unidos fecham suas portas para refugiados".

A resposta de Biden

Biden e outras autoridades disseram que os EUA estão prontos para aceitar refugiados, se necessário, mas o governo tem sinalizado repetidamente que a Europa deveria ser o principal destino dos ucranianos.

"Vamos receber os refugiados ucranianos de braços abertos se, de fato, eles vierem até aqui", disse Biden em 11 de março, durante uma reunião de colegas democratas na Filadélfia. A vice Kamala Harris, o secretário de Estado Antony Blinken e a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, fizeram comentários semelhantes. Psaki disse, em 10 de março, que o governo acredita que a "grande maioria" dos refugiados desejará permanecer nos países vizinhos, onde muitos têm familiares, amigos e ex-empregadores.

O Departamento de Estado afirmou que trabalhará com a ONU para trazer ucranianos para o país, no caso de eles não conseguirem proteção na Europa, "tendo em mente que o reassentamento nos EUA não é um processo rápido". O reassentamento de refugiados pode levar anos, embora o governo Biden tenha acelerado o processo para os afegãos após a retirada militar do país em agosto do ano passado.

As lições dessa experiência podem ajudar a agilizar o reassentamento de outros refugiados, disseram três autoridades dos EUA à Reuters. Ainda não há dados publicamente disponíveis para março, embora os Estados Unidos tenham admitido apenas 514 refugiados ucranianos em janeiro e fevereiro, durante a preparação da Rússia para a guerra, de acordo com dados do Departamento de Estado.

Biden estabeleceu o teto de refugiados para este ano em 125 mil, depois que seu antecessor Donald Trump reduziu as admissões para um recorde negativo de 15 mil. O democrata reservou 10 mil das 125 mil vagas para pessoas da Europa e da Ásia Central, mas essa alocação pode ser ampliada se necessário.

Ucranianos na fronteira do México com os EUA

Milhares de ucranianos e russos têm viajado para a fronteira EUA-México em busca de asilo, uma tendência que pode se acelerar à medida que a crise humanitária piorar, informou a Reuters neste mês.

Durante os primeiros cinco meses deste ano fiscal, que começou em outubro passado, as autoridades dos EUA na fronteira sudoeste encontraram cerca de 1.300 ucranianos, principalmente nos portos de entrada, em comparação com cerca de 680 em todo o último ano fiscal.

A maioria dos ucranianos foi autorizada a entrar nos Estados Unidos para prosseguir com seus casos de imigração, ao contrário dos migrantes de outros países que são frequentemente expulsos para o México sob uma ordem da época da pandemia conhecida como Título 42. No entanto, surgiram relatos de que alguns ucranianos que chegaram à fronteira sudoeste nos últimos dias tiveram sua entrada recusada.

O governo dos EUA está enviando ajuda econômica para países europeus que recebem refugiados. Biden sancionou um projeto de lei de gastos na terça-feira que prevê US$ 13,6 bilhões para auxiliar a Ucrânia e aliados europeus, incluindo cerca de US$ 4 bilhões destinados a pessoas em fuga.

A Casa Branca também anunciou no início deste mês que concederá o Status de Proteção Temporária (TPS) a cerca de 75 mil ucranianos que já estão nos Estados Unidos.

O status oferecerá anistia de deportações e permissões de trabalho por 18 meses e poderá ser renovado no final desse período, mas não se aplicará a pessoas que chegaram depois de 1º de março.

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