Reino Unido anuncia 20 multas por festas no gabinete de Boris durante lockdown

Polícia não divulgou nomes de pessoas punidas; premiê diz que não foi notificado

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Londres | Reuters

A polícia de Londres afirmou nesta terça-feira (29) que aplicará 20 multas relacionadas às festas realizadas no gabinete e na residência do primeiro-ministro, Boris Johnson, que violaram as restrições do lockdown pela pandemia em 2020 e 2021. A divulgação das festas colocou pressão sobre o premiê e gerou uma série de pedidos de renúncia, inclusive de correligionários do Partido Conservador.

Os destinatários das multas não foram identificados, e o gabinete de Boris afirmou nesta terça que o primeiro-ministro não foi notificado. A multa pela participação em reuniões com mais de 15 pessoas durante o lockdown é de 800 libras (R$ 5.000). A polícia disse que mais punições relacionadas ao caso ainda podem ser aplicadas.

O premiê do Reino Unido, Boris Johnson, deixa Downing Street no último dia 23 - Peter Cziborra - 23.mar.22/Reuters

A Scotland Yard investiga ao menos 12 festas realizadas em Downing Street, endereço do gabinete oficial do governo, depois de um inquérito interno descobrir que a equipe do premiê fez reuniões, inclusive com bebidas alcoólicas, em períodos nos quais restrições por causa da pandemia proibiam a realização desse tipo de evento —o líder britânico participou de alguns desses encontros.

Os primeiros casos foram revelados pela imprensa britânica no final de 2021.

O escândalo chegou a ameaçar a manutenção de Boris no cargo no início deste ano, quando membros de seu próprio partido pediram que ele renunciasse e a confiança pública em sua liderança despencou —a guerra na Ucrânia depois acabou monopolizando as atenções e, em parte, aliviou a pressão sobre esse caso.

Na época das primeiras revelações, o premiê disse que todas as regras foram seguidas. Depois, se desculpou com o Parlamento por participar de um dos encontros, afirmando que acreditava se tratar de um evento de trabalho. Com o agravamento da crise, ele também se desculpou com a rainha Elizabeth, por causa de uma das festas de sua equipe, realizada na véspera do funeral do marido dela, o príncipe Philip.

A ausência de Boris da lista de multados foi criticada pela oposição. "A responsabilidade é do primeiro-ministro, que passou meses mentindo ao povo britânico. É por isso que ele precisa ir embora", disse Angela Rayner, vice-líder do Partido Trabalhista.

O gabinete do premiê conservador afirmou que Boris vai se pronunciar depois que a polícia concluir a investigação e que vai divulgar as conclusões de um inquérito interno. "O primeiro-ministro já se desculpou com a Casa [Parlamento]", disse um porta-voz do governo. "Pediu desculpas pela maneira como as coisas foram tratadas e pelos erros cometidos."

As pesquisas mais recentes mostram que a popularidade do político melhorou depois de atingir o ponto mais baixo no auge da revelação dos escândalos. "Eles passaram de incrivelmente ruins a meramente medíocres", disse Anthony Wells, chefe de Pesquisa Política e Social Europeia do YouGov, à agência Reuters.

Levantamento do instituto mostrou que 30% dos entrevistados aprovavam o governo Boris, acima dos 22% em janeiro, mas abaixo da média nos últimos dois anos e longe do pico de 66% registrado em abril de 2020.

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