Descrição de chapéu Guerra na Ucrânia Rússia

Rússia diz que neutralidade da Ucrânia está sendo seriamente discutida

Chanceler russo sugere que partes da negociação podem ser concretizadas; bombardeios persistem

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Londres e Kiev | Reuters

O chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, afirmou nesta quarta-feira (16) que partes do acordo negociado com a Ucrânia estão perto de serem fechadas e que a neutralidade de Kiev, uma das principais condições apresentadas por Vladimir Putin para acabar com a guerra, está sendo seriamente discutida.

"As negociações não são fáceis por razões óbvias", disse o diplomata, à frente da chancelaria russa há quase duas décadas, à emissora RBC. "No entanto, há alguma esperança de chegar a um compromisso, e o status de neutralidade está sendo seriamente discutido", completou.

Bombeiros tentam apagar o fogo provocado por um ataque russo em Kiev
Bombeiros tentam apagar o fogo provocado por um ataque russo em Kiev - Aris Messinis - 15.mar.22/AFP

As declarações de Lavrov vêm horas após um otimismo comedido também ser demonstrado pelo lado ucraniano. O presidente Volodimir Zelenski afirmou na noite desta terça (15) que a negociação, nos últimos dias, tornou-se mais realista. Antes, ele já havia dado outra sinalização que vai ao encontro dos interesses de Moscou: disse que o país poderia ficar fora da Otan, a aliança militar liderada pelos EUA.

O premiê do Reino Unido, Boris Johnson, também fez declaração semelhante. De acordo com o jornal britânico The Guardian, o primeiro-ministro chancelou que "não há como a Ucrânia se juntar à Otan tão cedo". "Todo mundo sempre disse, e deixamos isso claro para Putin."

A neutralidade do país, de modo a não se unir à Otan ou à União Europeia (UE), bem como o reconhecimento da Crimeia anexada e da independência das ditas repúblicas separatistas do Donbass, no leste do país, são as principais demandas postas na mesa por Putin.

Lavrov voltou a abordá-las quando sugeriu que um acordo pode estar a caminho. O chanceler russo disse que a segurança das pessoas no leste ucraniano —de maioria russa étnica—, a desmilitarização do país e os direitos das pessoas de língua russa são questões-chave.

O Kremlin também sugeriu que a Ucrânia poderia seguir modelos de neutralidade semelhantes ao de países como Suécia e Áustria. Com uma política de não interferência em conflitos militares de Estados terceiros, as duas nações estão no escopo geopolítico ocidental, mas não estão nas fileiras da Otan.

Apesar das sinalizações diplomáticas, os ataques continuaram, especialmente em duas das maiores cidades, Kiev e Kharkiv, na manhã desta quarta, madrugada no Brasil. Na capital, duas pessoas ficaram feridas e 37 foram retiradas do local após um prédio residencial ser atacado.

Em Kharkiv, ao menos duas pessoas morreram após um ataque a uma área residencial. Equipes de resgate trabalhavam para apagar o fogo, e uma escola também teria sido bombardeada pouco antes, segundo autoridades locais. Também persistem os ataques em Mariupol, cidade portuária cuja conquista é estratégica para a Rússia estabelecer uma ponte terrestre ligando a Crimeia ao leste russo da Ucrânia.

A vice-primeira-ministra ucraniana, Irina Vereshchuk, afirmou que um hospital na cidade está sob controle de tropas russas, que mantêm 400 funcionários e pacientes reféns —a informação, no entanto, não pôde ser confirmada de forma independente.​

​Zelenski fará um discurso virtual ao Congresso dos EUA ainda na manhã desta quarta, quando deve pedir maior apoio internacional com armamentos para Kiev e sanções a Moscou.

Horas depois, espera-se que o presidente americano, Joe Biden, anuncie uma ajuda adicional de US$ 800 milhões (R$ 4,1 bi) para o país do Leste Europeu, a serem gastos principalmente com segurança.

O conflito está, ainda, na pauta da Corte Internacional de Justiça, mais alto tribunal das Nações Unidas, que deve decidir na tarde desta quarta sobre uma pauta de emergência apresentada pela Ucrânia para interromper a invasão militar russa, hoje em seu 21º dia.

Kiev apresentou a demanda logo após o início da guerra, em 24 de fevereiro, argumentando que a alegação russa de que existe um genocídio no leste da Ucrânia, usada para justificar a ação, é infundada.

Embora as decisões do tribunal sejam vinculantes —com os países sendo obrigados a seguir o que for decidido em seu âmbito—, não existem meios diretos de aplicá-las.

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