TikTok suspende publicações em vídeo feitas na Rússia após lei de censura

Nova regra prevê até 15 anos de prisão a quem publicar notícias falsas sobre o Exército; Facebook e Twitter foram bloqueados

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Nova York | AFP

O gigante chinês das redes sociais TikTok anunciou neste domingo (6) a suspensão de publicações em vídeo na Rússia devido a uma recente lei que prevê até 15 anos de prisão para os que divulgarem o que o governo considerar fake news sobre a guerra na Ucrânia.

A empresa afirmou que a suspensão vai durar até que as implicações da lei sejam analisadas, mas que o serviço de mensagens do aplicativo não será afetado. "A segurança de nossos funcionários e usuários continua sendo nossa maior prioridade", diz um comunicado.

O presidente russo, Vladimir Putin, sancionou na sexta-feira (4) a lei, que na prática funciona como uma censura militar da imprensa. Também naquele dia, o Facebook e o Twitter foram bloqueados na Rússia, após dias de limitação de acesso.

A norma de cerco à imprensa já afetou o trabalho da mídia profissional, com redes como a britânica BBC, a canadense CBC e a americana Bloomberg suspendendo a atuação de suas equipes em território russo.

A agência de notícias espanhola Efe e a emissora italiana RAI seguiram o mesmo caminho, enquanto a CNN Internacional anunciou a suspensão de sua transmissão no país. Já o jornal independente Novaia Gazeta (novo jornal), editado pelo coganhador do Nobel da Paz de 2021 Dmitri Muratov, publicou em suas redes que iria retirar todo o conteúdo relacionado à ação de Putin.

A medida foi criticada por parte da comunidade internacional e descrita como mais um passo do Kremlin para asfixiar a liberdade de imprensa, já limitada no país.

Putin é figura recorrente nas listas de "predadores da liberdade de imprensa" elaborada pela ONG Repórteres Sem Fronteiras. O russo é tido como predador desde que assumiu o cargo, em 2000 —de lá para cá, foram quatro mandatos, além do período como premiê de Dmitri Medvedev, de 2008 a 2012.

O líder russo usa o método do nacionalismo autoritário contra seu alvo principal: a mídia independente. Em seu último relatório, de julho do ano passado, a ONG destacou que ao menos oito jornalistas russos estavam detidos àquela altura, e um deles, Aleksandr Tolmashev, havia morrido na prisão em 2020 por falta de atendimento médico.

Trata-se de uma situação inédita na era das notícias instantâneas e interconectadas, mas nem de longe incomum para um país em guerra. Todos os conflitos desde que a imprensa passou a cobri-los, a partir da Guerra da Crimeia perdida pelos russos em 1856, foram objeto de censura de autoridades nacionais.

Moscou também avança no cerco à liberdade de expressão, com prisões massivas de civis que vão às ruas protestar contra a invasão da Ucrânia. Até o momento, quase 13 mil pessoas haviam sido detidas por essa razão, segundo monitoramento da ONG OVD-info, que atua na área dos direitos humanos.

Somente neste domingo (6), 4.300 foram detidos, de acordo com informações do Ministério do Interior.​

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