Descrição de chapéu União Europeia

Bolsonaro cumprimenta Macron por vitória na França após histórico de críticas

Pré-candidatos à Presidência também escrevem sobre pleito em que mandatário derrotou ultradireitista Marine Le Pen

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Brasília

Um dia após a confirmação da vitória de Emmanuel Macron na eleição da França, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PL), cumprimentou seu homólogo francês pela reeleição ao governo —os dois líderes trocaram uma série de críticas ao longo dos últimos anos.

O texto, protocolar, afirma que o Brasil espera "seguir implementado agenda bilateral" com o país. Até então, Bolsonaro era um dos poucos líderes mundiais a ignorar o resultado.

"O governo brasileiro cumprimenta o senhor Emmanuel Macron por sua reeleição à Presidência da República Francesa", diz a nota divulgada pelo Itamaraty. "O Brasil reafirma a disposição de trabalhar pelo aprofundamento dos laços históricos que unem os dois países e trazem benefícios mútuos a brasileiros e franceses, e manifesta expectativa de seguir implementando a ampla agenda bilateral".

Os presidentes da França, Emmanuel Macron, e do Brasil, Jair Bolsonaro, sentados lado a lado em reunião do G20 em Osaka, no Japão, em 2019 - Jacques Witt - 26.ago.19/Pool/AFP

Chefes de Estado e governo como Joe Biden (EUA), Boris Johnson (Reino Unido), Olaf Scholz (Alemanha), Vladimir Putin (Rússia), Volodimir Zelenski (Ucrânia), Alberto Fernández (Argentina), Gabriel Boric (Chile) e Xi Jinping (China) enviaram cumprimentos.

Bolsonaro e Macron colecionaram uma série de altercações nos últimos anos. Na mais recente delas, em novembro, quando o francês recebeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Paris, o presidente resumiu a relação da seguinte forma, em entrevista a uma rádio: "O Macron sempre foi contra a gente, e ele sempre bateu na gente na questão da Amazônia [...] Parece uma provocação, sim".

Segundo Bolsonaro disse à época, "a França não é exemplo para nós, muito menos o seu Macron". A causa ambiental foi uma das principais motivações das trocas de críticas —mas ofensas pessoais, no caso dirigidas pelo brasileiro à mulher do francês, também entraram na roda.

Ao longo da campanha francesa, no entanto, o presidente não fez declarações sobre o pleito como havia feito com a eleição argentina, por exemplo.

No Itamaraty, embaixadores experientes minimizam atritos entre os dois líderes, que dizem ter ficado no passado. A nota foi vista pelos diplomatas como positiva e publicada em tempo hábil —na vitória do esquerdista Gabriel Boric, no Chile, o governo brasileiro demorou quatro dias para se manifestar. A relação com a França é considerada especialmente importante para destravar o acordo da União Europeia com o Mercosul, que anda a passos lentos.

Lula foi um dos pré-candidatos à Presidência brasileira que parabenizaram a reeleição do presidente francês. "Torço pelo sucesso do seu governo, pelo progresso das condições de vida do povo francês e pelo desenvolvimento da integração da União Europeia", escreveu o ex-presidente no Twitter.

"Confio que o presidente Macron contribuirá nos desafios globais das mudanças climáticas, das pandemias, da luta contra a desigualdade e para a construção da paz na Europa."

O petista, que no primeiro turno havia manifestado apoio ao ultraesquerdista Jean-Luc Mélenchon, já havia endossado Macron antes da votação deste domingo (24), em uma série de tuítes destacando que "o futuro da democracia estava em jogo na Europa e no mundo" e que era "fundamental derrotar a extrema direita e sua mensagem de ódio e preconceito".

A mensagem fazia referência à rival derrotada pelo líder francês, a ultradireitista Marine Le Pen. Nesta segunda, Lula foi seguido por Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB), Simone Tebet (MDB) e Felipe d'Ávila (Novo).

"Ver a extrema direita derrotada será sempre motivo de alegria. Maior alegria ainda será vê-la definhar e o embate democrático se dar com menos polarização e mais qualidade. No Brasil, na França e em todo o planeta! Um bom segundo governo a Emmanuel Macron", escreveu Ciro.

D'Ávila destacou que o resultado "mostra que é possível a democracia vencer o populismo" e desejou que ele sirva de exemplo para o Brasil.

"A conquista de Macron é a vitória da democracia. É a rejeição ao extremismo. É a conquista do voto pela esperança de um futuro promissor para a nação francesa. Um triunfo do equilíbrio e do compromisso pelo progresso do país, sem radicalismos. Parabéns à França e ao seu povo", disse Doria.

Tebet escreveu: "Salve a democracia, a moderação, o diálogo. O Brasil precisa do mesmo caminho. Na França, forças democráticas, unidas, venceram. Celebremos, mas sem descanso, pois o vírus que ataca os ideais de liberdade e justiça da democracia ainda ocupa o pulmão e a mente de mais de 40% dos franceses".

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