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Cidades da China reforçam restrições contra Covid, e cresce temor do impacto econômico

Xangai registra recorde de casos sintomáticos da doença, e diplomacia do Japão cobra medidas do governo local

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Xangai | Reuters

Xangai, centro financeiro da China sob lockdown para conter um surto de Covid, registrou nesta sexta (15) número recorde de casos sintomáticos da doença, enquanto outras áreas do país endurecem medidas sanitárias para mitigar a disseminação do vírus. Analistas locais preveem consequências econômicas.

Na segunda maior cidade do país asiático, foram relatados 3.590 casos sintomáticos de Covid e outras 19.923 infecções assintomáticas. Já em todo o país, cerca de 24,8 mil novas contaminações foram registradas, segundo relatório da Comissão Nacional de Saúde divulgado neste sábado (16).

Funcionários da área da saúde com roupas de proteção contra a Covid nas ruas esvaziadas de Xangai, na China - Aly Song - 16.abr.22/Reuters

Na Zona de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico de Zhengzhou, área de concentração fabril que conta com a presença da Foxconn, importante fornecedora da Apple, entre outras empresas, foi anunciado um bloqueio de 14 dias, que pode ser estendido de acordo com a situação sanitária.

Apenas funcionários autorizados, com testes negativos para a detecção da Covid, poderão deixar a zona econômica neste período, informaram autoridades locais em uma conta oficial no aplicativo de mensagens chinês WeChat. A Foxconn disse à agência de notícias Reuters, em nota, que vai cooperar com a decisão do governo local e que as operações da unidade de Zhengzhou estavam, por ora, normais.

Já no noroeste da China, autoridades da cidade de Xian pediram aos moradores que evitem viagens desnecessárias para fora de seus bairros e incentivaram empresas a autorizarem os funcionários a trabalhar de casa ou, então, dormir nos locais de trabalho. Um funcionário do governo esclareceu que a medida não constitui um lockdown e que não há planos de impor essa política. Os 13 milhões de habitantes de Xian foram confinados no final do ano passado para conter um surto local.

Moradores de Suzhou, perto de Xangai, também receberam recomendações para trabalhar remotamente, e empresas e complexos residenciais foram instruídos a evitar a entrada desnecessária de veículos.

A política de Covid zero adotada pelo regime e adaptada nos últimos meses para um esquema nomeado pelas autoridades de "autorização dinâmica", que visa conter surtos esporádicos da doença sem confinar cidades inteiras, segue descrita por altos oficiais do regime como a melhor escolha para conter o vírus.

Mas as restrições impostas, além de assistirem a um refluxo do apoio doméstico, com uma série de manifestações nas redes contrárias às políticas adotadas, têm acarretado preocupação econômica. O Consulado Geral do Japão em Xangai, por exemplo, enviou carta ao governo local pedindo que a administração esteja atenta às possíveis e prováveis consequências acarretadas às empresas japonesas.

O cônsul Shuichi Akamatsu reconheceu os esforços da cidade para conter a propagação do coronavírus, "mas, com a extensão das medidas de controle, a impossibilidade de continuar com a produção em níveis normais já dura mais de um mês", acrescentou. "O impacto nas atividades de negócios está claramente se tornando mais grave a cada dia, não há espaço para otimismo diante da realidade atual."

Especialistas do Goldman Sachs pediram, em nota, que haja flexibilização das políticas. "Os formuladores de políticas públicas podem favorecer o uso de mais medidas fiscais, como a aceleração da construção de grandes projetos de infraestrutura e a flexibilização da política monetária para alavancar a economia."

Analistas locais dizem que amplas interrupções na cadeia de abastecimento devem levar a atrasos no fornecimento a empresas e trarão consequências para o crescimento econômico chinês neste ano.

Especialistas procurados pela agência de notícias AFP projetam que o lockdown em Xangai, por exemplo, tende a reverter os ganhos da economia chinesa observados no início do ano. Autoridades haviam estabelecido um aumento de 5,5% no PIB do país para 2022 —a menor meta em décadas. Doze órgão financeiros, no entanto, estimam crescimento médio de 5% para o ano e de 4,3% no primeiro trimestre.

Cerca de 86,2% da população chinesa completou o primeiro esquema de vacinação, mostra a plataforma Our World in Data. A dose de reforço foi aplicada em mais de 49% dos habitantes.

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