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Costa Rica elege economista conservador como novo presidente

Rodrigo Chaves comandará país imerso em crise; em 1ª entrevista, defendeu acordo com FMI e relações com a Nicarágua

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San José | Reuters

O economista conservador Rodrigo Chaves, ex-ministro da área, foi eleito presidente da Costa Rica no segundo turno das eleições no país da América Central, realizado neste domingo (3).

De acordo com o Tribunal Supremo Eleitoral, Chaves, do Partido Progresso Social Democrático, conseguiu 53% dos votos, enquanto o ex-presidente José Maria Figueres, do Partido da Libertação Nacional, somou 47%.

O economista Rodrigo Chaves, ex-ministro eleito o novo presidente da Costa Rica, em San José - Monica Quesada - 3.abr.22/Reuters

O voto é obrigatório no país, e números do tribunal revelam que a participação foi de somente 57,2% da população apta a votar, uma das mais baixas em décadas.

Figueres desejou sorte a Chaves ao reconhecer publicamente a vitória do adversário. "O país votou, e o povo falou. Como democratas que somos, sempre respeitaremos essa decisão."

O presidente eleito enfrentará como principal desafio uma grave crise econômica. A pobreza atinge 23% dos habitantes do país, que sofreu uma das maiores quedas de emprego na região entre 2019 e 2020, junto com o Peru, segundo a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). A dívida nacional equivale a 70% do PIB costa-riquenho.

A informalidade atinge 44% da força de trabalho e, embora baixa para os padrões regionais, é considerada grave por muitos eleitores.

Nesta segunda (4), em sua primeira entrevista coletiva como presidente eleito, Chaves defendeu o acordo fechado pelo país com o Fundo Monetário Internacional (FMI), chamando-o de indispensável, mas disse que pretende aperfeiçoar as metas definidas pelo pacto, aprovado em janeiro de 2021.

"Não vamos perder o compromisso com a responsabilidade fiscal", disse. "Vamos adicionar pontos ao acordo, torná-lo mais robusto. O FMI não é uma fonte de recursos para atender às necessidades de financiamento do governo. Pensamos nele como um instrumento para dar confiança a quem tem que nos emprestar dinheiro. A Costa Rica conseguirá honrar suas dívidas."

Em uma das democracias mais estáveis da América Central, Chaves se vendeu na campanha como um candidato antissistema. No Parlamento, seu partido elegeu apenas 10 dos 57 assentos —o de Figueres terá 19.

O político, que assume no dia 8 de maio, defendeu o diálogo com a oposição e com sua vizinha ao norte, a Nicarágua, de Daniel Ortega. O atual presidente, Carlos Alvarado, não reconheceu o pleito de fachada que reelegeu o ditador e deixou o país sem representação diplomática desde 2018. Chaves disse que deve nomear um embaixador em Manágua.

"É minha inclinação. Não estamos em guerra [com a Nicarágua]. Quem disse que conversar é fazer um endosso moral? Temos que ter relações com todos os nossos vizinhos."

Na campanha, Chaves havia assegurado, como Figueres, que a agenda econômica configurava prioridade na agenda. Mas os dois apresentaram poucas propostas e passaram boa parte do tempo tentando se desvencilhar de acusações —Figueres por corrupção e Chaves, por assédio sexual.

O economista de 60 anos trabalhou por mais de três décadas no Banco Mundial e foi também ministro da Fazenda do atual governo Alvarado, entre 2019 e 2020.

Chaves recebeu uma sanção por assédio sexual a duas subordinadas no Banco Mundial. Ele assegura que os fatos, ocorridos entre 2008 e 2013, foram "brincadeiras" e "mal interpretados por diferenças culturais".

O primeiro turno das eleições, marcado pelo recorde de candidaturas fragmentadas, foi realizado em 6 de fevereiro e terminou com Figueres na dianteira. Ele obteve pouco mais de 27% dos votos, enquanto Chaves ficou com 16,7%.

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