Ataque a tiros no metrô de Nova York deixa 23 feridos

Incidente ocorreu em estação na região do Brooklyn, e ao menos 10 foram baleados; polícia não investiga terrorismo

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São Paulo

Ao menos dez pessoas foram baleadas e outras 13 também ficaram feridas após um ataque a tiros em uma estação de metrô da região do Brooklyn, em Nova York, na manhã desta terça (12).

Em entrevista coletiva, a governadora de Nova York, a democrata Kathy Hochul, afirmou que o incidente não está sendo investigado como ato terrorista e que o suspeito ainda não foi localizado. "A tranquilidade e a normalidade foram rompidas por um indivíduo frio, que não se importou com aqueles que agrediu." Ainda assim, ressaltou ela, nenhum motivo pode ser descartado.

De acordo com a comissária do Departamento de Polícia de Nova York, Keechant Sewell, cinco dos feridos estão em estado grave, mas estável. Nenhum deles corre risco de morte, acrescentou.

Um levantamento de veículos locais aponta que um total de 29 pessoas com diferentes quadros ligados ao ataque teriam procurado os hospitais —com ferimentos causados por estilhaços, quedas e inalação de fumaça por exemplo; a maioria, no entanto, foi atendida na sala de emergência, tratada e liberada.

Pessoas feridas em plataforma da estação de metrô da rua 36, na região do Brooklyn, em Nova York
Pessoas feridas em plataforma da estação de metrô da rua 36, na região do Brooklyn, em Nova York - Armen Armenian/Reuters

O suspeito foi apontado pela polícia como um homem negro e corpulento, de cerca de 1,65 m de altura e 80 kg. Ele teria agido sozinho e estaria usando uma máscara de gás, um colete laranja de construção e roupa azul-escuro semelhante à de um trabalhador de trânsito.

A máscara se justificaria porque, antes de atirar, ele disparou uma bomba de fumaça. O episódio fez com que inicialmente houvesse relatos de bombas na estação de metrô, mas a polícia depois afirmou, no Twitter, que não havia explosivos ativos na cena do ataque.

Foi oferecida uma recompensa de US$ 50 mil por informações que levem ao atirador. À noite, a polícia divulgou a foto de um homem identificado como Frank James, 62, com endereços na cidade de Filadélfia e no estado de Wisconsin, dizendo que ele pode ter conexão com o caso —não foi esclarecido, porém, se ele seria o principal suspeito.

No local do ataque, os investigadores encontraram uma bolsa com uma arma 9 milímetros semiautomática, além de outro revólver, uma machadinha e fogos de artifício. No início da noite, ainda foi localizada no Brooklyn uma van de uma empresa de mudanças com placas do Arizona que teria sido alugada por James; as chaves tinham sido encontradas no metrô. O veículo, porém, estava vazio e passaria por perícia.

A corporação afirmou que agentes foram chamados para atender uma ocorrência às 8h27, no horário local (9h27 em Brasília), e que o suspeito teria atirado de dentro de um dos vagões ao menos 33 vezes; depois, deixado o local. Vídeos postados nas redes sociais mostram passageiros em pânico saindo do trem para a plataforma.

Frank James, identificado como tendo possível conexão com o ataque no metrô, em fotos divulgadas pela polícia - Divulgação NYPD/Reuters

Juliana Fonda, engenheira de transmissão da estação de rádio WNYC, disse ao site de notícias local Gothamist ter ouvidos tiros enquanto estava em um vagão próximo ao da ação. "A reação dos passageiros foi aterrorizante, porque eles estavam tentando entrar no nosso vagão devido a algo que estava acontecendo na parte de trás do trem", disse. "Nenhum de nós na frente sabia o que estava acontecendo, mas as pessoas estavam batendo e olhando para trás, correndo, tentando entrar no trem."

Ela acrescentou ter escutado "muitos estalos altos" e visto fumaça em outro vagão.

À Fox News Konrad Aderer, um passageiro, contou que estava na escada prestes a entrar na estação quando viu um homem com as pernas sangrando explicando o que havia acontecido a um trabalhador.

O incidente ocorreu na estação da Rua 36, no bairro de Sunset Park, cuja população é, em sua maioria, formada por asiáticos e hispânicos. A polícia de Nova York alertou as pessoas para ficarem longe da área do incidente, conhecida por abrigar Chinatown e Industry City, um amplo distrito de armazéns que se tornou o lar de muitos negócios. A região também oferece uma vista para a Estátua da Liberdade.

A área ao redor da estação foi isolada. Na Quarta avenida, perto da Rua 35, dezenas de veículos da polícia se espalhavam por ao menos quatro quarteirões, e agentes bloquearam o trânsito enquanto moradores se acumulavam em pequenos grupos na calçada. Ao menos dois helicópteros sobrevoaram o local.

As autoridades de transporte também suspenderam o funcionamento de linhas inteiras do metrô ou, em alguns casos, de parte delas. Diversas escolas próximas ao local do tiroteio foram aconselhadas a deixar alunos e funcionários abrigados em seus prédios ou a fechar as portas para evitar a entrada de visitantes.

O prefeito de Nova York, o democrata Eric Adams, está com Covid e publicou nas redes sociais um pronunciamento gravado sobre o caso. "Não vamos permitir que os nova-iorquinos sejam aterrorizados, mesmo que por um único indivíduo", disse o prefeito. "A polícia está procurando o suspeito, e o acharemos, mas também pedimos ao público que comunique quaisquer informações que possam ajudar nas investigações."

Em entrevista à rádio WCBS, o democrata afirmou que, de acordo com um relatório preliminar, o sistema de câmeras não funcionou corretamente e que a questão está sob investigação. "Estamos em contato com a MTA [responsável pelo metrô de Nova York] para descobrir se isso ocorreu na estação inteira ou apenas em uma câmera especificamente."

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que o governo irá continuar em contato com as autoridades de Nova York nas próximas horas e dias, conforme a investigação avança. "Não vamos desistir até descobrirmos e encontrarmos o autor [do ataque]." Mais cedo, a porta-voz a Casa Branca, Jen Psaki, informou que uma equipe sênior da Presidência estava em contato com a prefeitura e com a polícia de NY "para oferecer qualquer assistência necessária".

O número de tiroteios na metrópole cresceu neste ano, e o aumento nos crimes violentos com armas tem sido o foco de Adams desde que assumiu o cargo, em janeiro. Até 3 de abril, casos com tiros cresceram de 260 para 296 em comparação com o mesmo período de 2021, segundo o Departamento de Polícia.

O aumento ocorre depois de a violência armada atingir mínimos históricos em 2018 e 2019, e a cidade ainda permanece mais segura do que em anos anteriores. Mas à medida que os nova-iorquinos voltam à vida após as paralisações que marcaram a pandemia de coronavírus, muitos acham a cidade mais perigosa do que quando a crise sanitária varreu Nova York, em março de 2020.

Adams, ex-policial, procurou tranquilizar os moradores ao chegar ao cargo e fez do combate ao crime com armas um ponto central de sua gestão. Ele recentemente implantou sete novas unidades de polícia antiarmas e, no mês passado, o Departamento de Polícia começou a aplicar as chamadas questões de qualidade de vida, lembrando a adoção da cidade, no passado, do policiamento de "janelas quebradas" –a aplicação mais rigorosa de infrações, em um esforço para prevenir crimes mais graves.

O prefeito adotou uma abordagem semelhante no sistema de metrô, no qual as autoridades de trânsito vinham havia meses antes de seu mandato buscando mais ajuda no policiamento de trens e estações.

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