Descrição de chapéu Governo Biden Rússia

EUA e Rússia anunciam troca de prisioneiros, mas negam avanços diplomáticos

Ex-fuzileiro americano Trevor Reed, condenado a nove anos de prisão, foi trocado pelo piloto russo Konstantin Iarochenko

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Washington | Reuters e AFP

Em meio a tensões crescentes entre Washington e Moscou, um avanço diplomático inesperado foi anunciado pelos governos dos Estados Unidos e da Rússia nesta quarta-feira (27), quando os dois países selaram um acordo para a troca de prisioneiros.

A chancelaria russa comunicou a troca de Trevor Reed, ex-fuzileiro naval americano condenado em 2020 a nove anos de prisão por violência, pelo cidadão russo Konstantin Iarochenko, piloto que cumpria sentença de 20 anos de detenção por tráfico de cocaína.

O ex-fuzileiro americano Trevor Reed, durante seu julgamento em Moscou - Dimitar Dilkoff - 30.jul.20/AFP

A família de Reed e autoridades americanas caracterizaram sua condenação em Moscou como uma "farsa absurda", e o ex-fuzileiro dizia se tratar de uma perseguição política pelo fato de ter integrado fileiras das Forças Armadas americanas. Parentes confirmaram sua liberação e disseram que, agora, estarão concentrados em cuidar dos problemas de saúde que ele adquiriu na prisão.

Natural do Texas, Reed viajou para a Rússia há três anos para visitar a namorada, que conheceu pela internet. Pouco antes de retornar para os EUA, foi a uma festa nos arredores de Moscou e, embriagado, acabou levado pela polícia local para uma delegacia. Os agentes de segurança russos o acusaram de colocar em risco a vida dos policiais. Ele passou 11 meses em uma prisão, até ser julgado e condenado.

Imagens do canal de TV estatal Rússia 24 mostraram o ex-fuzileiro sendo escoltado para o aeroporto de Vnukovo, na capital Moscou, de onde embarcou rumo aos EUA. Os pais de Reed disseram, em março, que ele havia iniciado uma greve de fome para protestar contra o fato de ter sido colocado em uma solitária e não receber cuidados médicos adequados, ainda que suspeitasse estar com tuberculose.

O Serviço Penitenciário Federal russo, por sua vez, negou que ele estivesse com a doença ou que tivesse tido contato com pessoas infectadas e descreveu a saúde do americano como satisfatória.

Já Iarochenko deve voltar para seu país em breve, informou a esposa do piloto russo à agência de notícias Tass. Ele foi detido em 2010 na Libéria por agentes de serviços secretos americanos e acusado de organizar uma rede internacional de contrabando de cocaína.

A troca de prisioneiros foi resultado de um longo processo de negociação, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, em comunicado divulgado num aplicativo de mensagens.

Já o presidente americano, Joe Biden, disse que as negociações exigiram decisões difíceis e que muito foi analisado antes de tomá-las. "A volta segura de Reed é uma prova da prioridade que meu governo dá para trazer os americanos detidos injustamente ou como reféns em outros países", disse o democrata.

O secretário de Estado Antony Blinken, em tom semelhante, afirmou que a administração seguirá comprometida em garantir a liberdade dos cidadãos americanos detidos de forma injusta no exterior.

À agência de notícias Reuters um alto funcionário do governo americano disse que as tratativas com a Rússia estiveram estritamente limitadas à pauta da liberação de detentos, sem discussões diplomáticas mais amplas entre as duas nações.

Outros americanos permanecem detidos na Rússia, como Paul Whelan, condenado em 2020 a 16 anos de prisão por acusações de espionagem durante um julgamento fechado ao público, e Brittney Griner, jogadora de basquete presa em meados de março deste ano após ser vista portando em sua bagagem cartuchos de vaporizadores contendo um derivado de cânabis em forma oleosa.

A notícia da troca de prisioneiros ocorre um dia após a administração Biden anunciar os primeiros indultos da gestão, que devem livrar da prisão condenados por crimes não violentos ligados a drogas. O movimento integra a iniciativa de reforçar seu histórico sobre justiça racial em ano de eleições legislativas de meio de mandato, nas quais a estreita maioria do Partido Democrata na Câmara e no Senado estará em jogo.

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