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As cifras dos danos causados pela guerra da Ucrânia na economia global começam a aparecer nos relatórios das principais instituições financeiras do mundo.
Os números indicam uma profunda deterioração das projeções em relação ao cenário desenhado apenas um mês antes do início do conflito, que já dura 55 dias. E desmontam a expectativa de recuperação dos países a partir do segundo semestre, passado o período mais crítico da crise do coronavírus para muitos deles.
Nesta terça (19), o FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou as suas previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto das nações e o comportamento da inflação:
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A previsão de crescimento da economia mundial para 2022 passou de 4,4% em janeiro para 3,6%;
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A inflação em 2022 é estimada 5,7% para economias avançadas (alta de 1,8 ponto percentual em relação ao previsto em janeiro) e de 8,7% para países emergentes e em desenvolvimento (alta de 2,8 pontos ante janeiro).
"O rebaixamento reflete em grande parte os impactos diretos da guerra na Rússia e Ucrânia e as suas repercussões globais", esclarece o FMI em seu relatório. "Além dos impactos humanitários imediatos, a guerra atrasará severamente a recuperação global, desacelerando o crescimento e aumentando ainda mais a inflação", aponta.
A divulgação dos números do FMI ocorreu um dia após o Banco Mundial ter reduzido a sua previsão de crescimento global de 4,1% para 3,2% neste ano. A queda foi puxada principalmente pela estimativa de contração de 4,1% na região da Europa e Ásia Central, que inclui Ucrânia e Rússia.
O que explica: o conflito entre Rússia e Ucrânia impacta principalmente o fornecimento de alimentos e de energia, elevando seus preços.
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"Celeiros do mundo", Rússia e Ucrânia são responsáveis por um terço das exportações mundiais de trigo e um quinto das de milho;
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A Rússia exporta um quinto dos fertilizantes do mundo;
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Moscou é o maior exportador de gás natural e o segundo maior exportador de petróleo.
De acordo com os dois levantamentos, é a Ucrânia, alvo da invasão russa, que tem uma das previsões mais assustadoras de encolhimento do PIB:
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35% é a queda esperada da economia da Ucrânia em 2022, segundo o FMI;
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45% é a redução estimada pelo Banco Mundial.
Os principais fatores são os efeitos diretos da invasão, como a destruição da infraestrutura, e a fuga de sua população. O êxodo mais rápido desde a Segunda Guerra Mundial já atinge quase 5 milhões de pessoas, segundo a ONU.
Mas a retração esperada para a economia russa também é significativa e chega a dois dígitos em uma das projeções:
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8,5% será a queda, segundo o FMI;
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11,2% é a redução estimada pelo Banco Mundial.
Nesse caso, as maiores causas são as sanções econômicas impostas pelo Ocidente, que afetaram as relações comerciais com diversos países, e a perda de confiança do mercado.
Três perspectivas do FMI para os impactos internacionais da guerra da Ucrânia, segundo o relatório divulgado nesta terça:
Não se perca
Três perspectivas do FMI para os impactos internacionais da guerra da Ucrânia, segundo o relatório divulgado nesta terça:
- Mercado de commodities: O Fundo espera altas ainda persistentes no preço dos produtos agrícolas, como o trigo. Em relação ao combustível, prevê que o aumento do petróleo pode ser contido a médio prazo em razão do fornecimento por outros países. Mas essa adaptação será mais difícil para o gás, em razão da limitação da estrutura necessária para seu transporte.
- Mercado financeiro: As conexões financeiras diretas entre a Rússia e outras grandes economias estão concentradas em poucos países, principalmente na Europa. Porém, um cenário mais grave de incerteza pode tornar mais rígida a avaliação de risco de investidores —o que afetaria as economias emergentes e em desenvolvimento, especialmente aquelas com grande dívida externa.
- Crise humanitária: A distribuição dos cerca de 5 milhões de refugiados com a guerra pode, a curto prazo, sobrecarregar os serviços dos países para onde se destinam. O FMI enumera outros efeitos sociais a longo prazo, como o aumento da oferta de mão de obra e o agravamento do sentimento anti-imigração.
O que aconteceu nesta terça (19)
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Rússia tomou cidade do leste e disse ter quadruplicado ataques;
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EUA e aliados prometeram mais artilharia para a Ucrânia;
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Ucrânia atacou vilarejo russo, segundo o Kremlin.
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Kiev e Moscou trocaram dezenas de prisioneiros.
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O que ver e ouvir para se manter informado
Dois vídeos mostram o antes e o depois de ataques:
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