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Guerra na Ucrânia: Maior alvo de sanções, Rússia sente efeitos iniciais na economia

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São Paulo

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A invasão da Ucrânia, que está em seu 37º dia, tornou a Rússia o país com o maior número de sanções econômicas na história, ultrapassando o Irã, segundo um levantamento da consultoria de risco Castellum.AI.

As medidas impostas por Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido, entre outros, envolvem o bloqueio de bens de autoridades como o presidente Vladimir Putin e da elite financeira, restrições à concessão de vistos, proibição de importação e exportação de alguns setores e exclusão de bancos do Swift (sistema de transações globais).

Em resposta, Putin anunciou medidas contra "países hostis", como a cobrança em rublo do gás natural exportado. Moscou tem razões para se preocupar.

  • Na quarta, o Ministério da Economia russo anunciou a aceleração da inflação anual para 15,66% até 25 de março, maior índice desde setembro de 2015;

  • Instituto Internacional de Finanças projeta quedas no PIB (15%, em 2022), nas exportações (30%) e nas importações (34%) no 2º trimestre.

A extensão e a severidade das medidas são tão grandes que analistas afirmam que podem ter tanto impacto para a economia global quanto a própria guerra —ou até maior, como declarou o presidente do Banco Mundial, David Malpass.

Há quem seja cético em relação às consequências das medidas para os países alvos, como a cientista política Benedicte Bull. Para ela, experiências semelhantes, como a adotada contra a Venezuela, mostram que a pressão econômica tem efeitos limitados e até opostos aos objetivos de quem pune. Isso porque:

  1. Países sancionados podem encontrar novos sócios e novos caminhos —e a China tem se destacado como oferta desses parceiros;

  2. Sanções viram bode expiatório: governantes atribuem problemas econômicos aos embargos e não a sua gestão, o que ajuda na popularidade e na manutenção do poder;

  3. Medidas atingem o alvo errado, como empresários de oposição, igualmente sufocados pelas medidas.

Mulher usa máscara, roupa de inverno e uma grande bolsa. Na fachada da agência, painel mostra as cotações do dia
Mulher passa por agência de câmbio em Moscou, em 24 de fevereiro - Alexander Nemenov/AFP

Não se perca

A colunista Tatiana Prazeres, analista internacional e ex-secretária de Comércio Exterior, explica os possíveis efeitos das sanções para a Rússia, para a China e para o mundo:

Passado um mês das primeiras levas de medidas motivadas pela invasão da Ucrânia, que impactos já são sentidos pelo país agora? Mesmo que um mês seja pouco para tirar conclusões, a desvalorização da moeda, a inflação e o aumento do desemprego já são sentidos na Rússia. Há saída de investimentos estrangeiro. A dificuldade de acesso a insumos ameaça a produção. E, claro, a imprevisibilidade prejudica os negócios.

Há que se considerar também o aspecto político, porque, afinal, as sanções são adotadas para afetar o cálculo político de quem decide, para fazer com que a população pressione por mudanças. Nesse aspecto, notícias dão conta de que a aprovação de Putin teria subido depois da invasão. Ou seja, as sanções, ao menos neste primeiro mês, não teriam tido o efeito desejado pelo G7.

Há saída para a Rússia? E qual o papel da China nela? A China tem, como nenhum outro país, capacidade de diminuir o impacto das sanções à Rússia. Mas a atuação de Pequim nem de longe será suficiente para neutralizar as consequências das restrições.

A saída de empresas americanas e europeias da Rússia foi vista como uma grande oportunidades para as chinesas, mas há notícias de que muitas empresas têm agido com cautela, temendo serem atingidas pelas sanções dos EUA e União Europeia.

Sob o ponto de vista econômico, a atuação de Pequim, opondo-se a sanções, é fundamental para Moscou, mas não resolve seus problemas. A guerra faz a China ainda mais importante para a Rússia, que, sob Putin, será sempre vista com enorme desconfiança pelo G7.

Quais são as repercussões globais? Por causa da guerra, mas também do pacote de punições, a expectativa da Economist Intelligence Unit (EIU), por exemplo, é de que a economia mundial cresça 3,4% em 2022, ao invés de 3,9% como se previa antes do conflito. Além das sanções, contribuem para esse resultado o aumento dos preços de commodities (alimentando a inflação) e problemas logísticos associados ao comércio internacional.

O que aconteceu nesta sexta (1º)

  • Retirada de civis de Mariupol falhou por falta de segurança, disse Cruz Vermelha;

  • Ucrânia informou ataque de mísseis atingiu área residencial perto de Odessa;

  • Unesco apontou que conflito destruiu 53 sítios culturais na Ucrânia;

  • Erdogan declarou que pedirá a Putin um passo para encerrar a guerra.

Imagem do dia

Chamas em um depósito de combustível
Depósito de combustível incendiado em Belgorod, próximo à fronteira com a Ucrânia, no que seria o primeiro ataque de Kiev à Rússia - Divulgação Ministério de Emergência/AFP

O que ver e ouvir para se manter informado

As imagens do ataque atribuído à Ucrânia pela Rússia e mais uma cena do cotidiano de guerra vivido pelos ucranianos:

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