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Macron consolida vantagem sobre Le Pen a cinco dias da eleição na França

Presidente francês alcança maior percentual de intenções de voto desde o primeiro turno

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Paris | Reuters e AFP

As últimas pesquisas sobre o segundo turno da eleição presidencial na França apontam a consolidação da vantagem de Emmanuel Macron nas intenções de voto para o próximo domingo (24). Com pontuação média de 55,8%, o nome da centro-direita atingiu seu melhor nível sobre a ultradireitista Marine Le Pen.

Os levantamentos, divulgados entre esta segunda (18) e terça-feira (19), indicam que o presidente teve uma oscilação positiva de um ponto percentual —o número é ainda três pontos mais alto do que a média registrada nas pesquisas antes do primeiro turno. Ainda assim, a distância entre os dois candidatos está longe da registrada nas eleições de 2017, quando Le Pen perdeu com 33,9% dos votos.

Panfletos e cédulas do presidente francês, Emmanuel Macron, e de Marine Le Pen, antes do segundo turno das eleições presidenciais francesas
Panfletos e cédulas do presidente francês, Emmanuel Macron, e de Marine Le Pen, antes do segundo turno das eleições presidenciais francesas - Charly Triballeau - 19.abr.22/ AFP

O primeiro-ministro francês, Jean Castex, disse que apesar da vantagem é cedo para Macron ter certeza da vitória. "O jogo não está ganho", disse à rádio France Inter. O político afirmou que apresentará sua renúncia caso o presidente seja reeleito, sob o argumento de que o país precisa de um "novo impulso" —sua saída só se daria após as eleições legislativas, marcadas para junho.

O sistema francês prevê que cabe ao presidente nomear o primeiro-ministro, cargo responsável por dirigir as ações delineadas pelo chefe de Estado. O premiê também é responsável por organizar a relação com o Parlamento. Divulgada nesta terça, a pesquisa da Ipsos aponta a vitória de Macron com 56,5% dos votos, meio ponto a mais em relação ao levantamento de sexta (15) e 3,5 pontos sobre a de 8 de abril, dois dias antes da votação na qual Macron e Le Pen se classificaram para o segundo turno.

Na mesma linha, levantamentos da Opinionway e do Ifop —com 56% e 55%, respectivamente— mostraram Macron consolidando a dianteira e alcançando seu melhor nível de intenção de votos desde a primeira rodada. Os dois candidatos estão focados em atrair os eleitores do nome da ultraesquerda Jean-Luc Mélenchon, que ficou em terceiro lugar no último dia 10, com 22% dos votos.

Em levantamento da Elabe, também publicado nesta terça, 42% dos eleitores de Mélenchon dizem que votarão em Macron, 7 pontos a mais do que foi visto em pesquisa da semana passada.

O movimento encontra algum respaldo nas declarações do político. Apesar de não endossar o atual presidente, ele convocou seus apoiadores a não apoiar a ultradireitista. À rede BFM TV, por outro lado, disse que estaria apto a trabalhar com os dois candidatos e eventualmente se tornar primeiro-ministro.

O França Insubmissa, partido de Mélenchon, realizou uma consulta interna para esboçar uma orientação no segundo turno. De 215 mil participantes, 37% disseram preferir o voto em branco, 33,4% afirmaram que optarão pelo apoio a Macron e 28,9% indicaram que vão se abster —na França, o voto não é obrigatório.

"Os resultados [da consulta] não são uma ordem para apoiar ninguém. Todos devem tirar suas conclusões a partir disso e votar como acharem melhor", escreveu a equipe de campanha.

De acordo com Le Pen, o crescimento de Macron pode estar ligado ao que ela chama de tentativa de implantar medo na sociedade francesa no caso de uma eventual vitória da ultradireitista. "O medo é o único argumento restante do presidente", disse ela, em uma propaganda. O ministro das Finanças, Bruno Le Maire, disse à imprensa francesa que Le Pen "entregaria a soberania da França a Vladimir Putin e à Rússia" caso fosse eleita. Antes da Guerra da Ucrânia, a ultradireitista expressou admiração pelo presidente russo e chegou a dizer que retiraria a França da Otan, aliança militar do Ocidente.

Após a invasão russa, porém, ela passou a designar o Kremlin como agressor e a defender a acolhida de refugiados ucranianos. A imigração, inclusive, é um dos pontos polêmicos da ultradireitista, que critica a acolhida de muçulmanos e chegou a chamar o islamismo de "a ameaça totalitária dos tempos modernos".

Macron, por sua vez, também vem cedendo em propostas iniciais para atrair o eleitorado de esquerda e disse que está disposto a aumentar a idade mínima da aposentadoria para 64 anos, um a menos do que o defendido anteriormente. As diferenças entre os dois candidatos poderão ser expostas no primeiro debate entre os presidenciáveis, nesta quarta (20) –Macron se recusou a encontrar os rivais no primeiro turno.

O debate de 2017 não traz boas lembranças a Le Pen, que na época foi acusada de ser agressiva e sem preparo. Poucos dias depois, ela admitiu o "erro estratégico", o que reiterou na atual campanha.

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