Descrição de chapéu Rússia

Presidente da Sérvia declara vitória em eleição e é parabenizado por Putin

Aleksandar Vucic e partido governista surfaram na insegurança regional instaurada pela guerra na Ucrânia

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Belgrado | Reuters e AFP

O atual presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, declarou-se vencedor das eleições presidenciais deste domingo (3), após ter obtido 59,5% dos votos com 87,6% das urnas apuradas, e foi parabenizado pelo líder russo Vladimir Putin, seu aliado.

Segundo o resultado preliminar divulgado pela comissão eleitoral do país, o principal oponente de Vucic, o general aposentado Zdravko Ponos, ficou em segundo lugar, com 17,5% dos votos. Ele concorreu representando a coalizão pró-Europa Aliança para a Vitória, de centro.

O atual presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, fala com apoiadores em Belgrado - Antonio Bronic - 3.abr.22

A sigla do conservador Vucic, o Partido Progressista, também ficou em primeiro lugar na votação para o Parlamento, com 43,4% dos votos. Nesse cenário, a legenda não consegue cadeiras suficientes para governar sozinha o Legislativo de 250 membros e terá de buscar alianças.

Projeções de dois institutos estimavam que Vucic venceria com cerca de 60% dos votos. O Partido Socialista, aliado histórico dos progressistas e provável parceiro dessa coalizão, aparecia em terceiro lugar na pesquisa, com pouco mais de 11% dos votos. Em segundo, vinha a aliança representada por Zdravko Ponos, com aproximadamente 13%.

Nesta segunda-feira (4), Putin parabenizou Vucic. "Considero que suas ações como chefe de Estado continuarão favorecendo um reforço da cooperação estratégica que existe entre nossos países. Sem dúvida, isso é do interesse dos povos irmãos da Rússia e da Sérvia", escreveu, em um telegrama publicado pelo Kremlin.

A oposição boicotou amplamente a eleição parlamentar realizada há dois anos, em 2020. Como consequência, o Partido Progressista e legendas aliadas garantiram, naquele pleito, 188 cadeiras do Parlamento sérvio, controlando as pautas ali discutidas.

Inicialmente concentrada em questões como meio ambiente, corrupção e direitos civis, a eleição sérvia viu sua agenda principal mudar quando eclodiu a guerra na Ucrânia. O presidente Vucic, aliado de Moscou e acusado de autoritarismo por opositores, surfou na instabilidade regional provocada pelo conflito e tentou se apresentar como único candidato capaz de administrar a crise.

Durante a campanha, ele criou o slogan "paz, estabilidade, Vucic". Em um país que já foi considerado um pária internacional e marcado por memórias de guerras após a desintegração da Iugoslávia nos anos 1990, o discurso encontrou terreno fértil, dizem os analistas.

"As pessoas preferem um líder que promete estabilidade a arriscar uma mudança", disse Zoran Stojiljkovic, professor de Ciências Políticas em Belgrado, à agência de notícias AFP. "As grandes crises, ao menos a curto prazo, favorecem quem já está no poder; elas geram medo, mas também esperança de que o sistema garantirá a segurança básica."

Análise semelhante faz Bojan Klacar, chefe do instituto de pesquisas Cesid. "O eleitorado está agora buscando respostas para suas preocupações em relação à estabilidade econômica, padrões de vida e estabilidade política", afirmou à agência Reuters.

A Sérvia é dependente do gás russo, e seu Exército reconhecidamente mantém laços com os militares de Moscou. O Kremlin, aliás, apoia a oposição de Belgrado à independência da antiga província de maioria albanesa de Kosovo, proclamada em 2008.

O país apoiou as duas resoluções das Nações Unidas que condenaram a invasão russa da Ucrânia, mas se recusou a impor sanções contra Moscou, como fizeram diversos países da Europa.

Aleksandar Vucic, 52, político de carreira, também foi premiê da Sérvia de 2014 a 2017. Em outros períodos, chefiou as pastas da Informação e da Defesa. Aos poucos, transformou-se em um político de viés nacionalista. Ele pleiteia a adesão à União Europeia (UE), mas também defende a neutralidade militar e laços maiores com Rússia e China.

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