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Presidente do Peru volta de carro do Equador para evitar destituição

Castillo enfrentou 5 horas de estrada para respeitar prazo de permissão dada pelo Parlamento para viagem, que expirava à meia-noite

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Lima | AFP

O presidente do Peru, Pedro Castillo, teve que voltar de carro às pressas para o país nesta sexta-feira (29) para evitar ser cassado pelo Congresso, depois que o mau tempo o impediu de viajar de avião.

O mandatário esteve no Equador para chefiar um gabinete binacional com o presidente do país, Guillermo Lasso, na cidade de Loja, a 264 km da fronteira com o Peru. Como sua aeronave não pôde decolar, o peruano enfrentou uma viagem de cinco horas até a fronteira peruana.

O presidente do Peru, Pedro Castillo, participa de evento em Puno
O presidente do Peru, Pedro Castillo, participa de evento em Puno - Juan Carlos Cisneros - 8.abr.22/AFP

Castillo conseguiu chegar uma hora antes do prazo da permissão dada pelo Parlamento para visitar o país vizinho, que se encerrava à meia-noite (2h de sábado, no horário de Brasília). Caso chegasse depois desse horário, os opositores que controlam o Legislativo teriam um pretexto para encaminhar a destituição, já que a Constituição peruana não contempla exceções por causas meteorológicas.

O esquerdista conseguiu evitar, assim, outra moção de vacância presidencial, a terceira em nove meses no poder. A medida é uma espécie de impeachment, ainda que seja uma figura jurídica distinta, que aponta a "incapacidade moral" para governar. Em dezembro e em março, o peruano foi alvo de duas outras ações do tipo, que acabaram rejeitadas no Parlamento por não alcançarem os votos necessários.

Desde a posse de Castillo, a gestão vem sendo marcada por um duro enfrentamento entre Executivo e Legislativo, cujo principal reflexo foram as trocas ministeriais: sem contar mudanças pontuais, por motivos diversos, o líder peruano precisou formar quatro gabinetes.

A figura da moção de vacância vem sendo questionada em razão da quantidade de vezes em que foi usada nos últimos anos, deixando a impressão de que, no fundo, o Peru não é governado (ou governável).

O artigo da Constituição que a define passou a ser invocado a partir de 2016, quando o país mergulhou em uma profunda crise política. Desde então, já foram seis moções apresentadas, duas delas contra o presidente Pedro Pablo Kuczynski —na segunda, em 2018, ele renunciou antes da votação.

Depois, o alvo foi Martín Vizcarra, que sucedeu PPK, como o ex-líder é conhecido. Ele acabou afastado.

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