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Protestos contra Castillo se espalham pelo Peru, e confrontos deixam mortos e feridos

Saída da população às ruas contra aumento no preço dos combustíveis provoca repressão

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São Paulo

Os protestos no Peru que paralisaram Lima e foram respondidos com repressão e a imposição de um toque de recolher na terça (5) se espalharam por outras cidades, elevando a pressão contra o governo de Pedro Castillo.

Em atos nesta quarta-feira (6), manifestantes contrários ao aumento dos preços dos combustíveis fecharam estradas e uma pessoa morreu em confronto com a polícia na região de Ica, 300 quilômetros ao sul da capital.

O conflito ocorreu pela manhã, quando as forças de segurança tentaram remover um bloqueio feito por trabalhadores na rodovia Pan-Americana, onde funcionam empresas do agronegócio. Houve violência dos dois lados, e um trabalhador rural foi morto.

"Quinze feridos foram internados, um gravemente. Há um civil que deu entrada já morto em consequência do conflito", disse o diretor do hospital de Ica, Carlos Navea, em vídeo no Facebook. Dentre os 15 feridos, 12 são policiais, e 3, trabalhadores rurais, de acordo com Navea.

Manifestante chuta bomba de gás lacrimogêneo em meio a protestos contra Pedro Castillo no Peru
Manifestante chuta bomba de gás lacrimogêneo em meio a protestos contra Pedro Castillo no Peru - Alessandro Cinque/Reuters

O líder rural Julio Carbajal disse a uma rádio que a vítima é um trabalhador de 25 anos de Huancavelica que trabalhava numa empresa agrícola em Ica. Ele se junta a outras três pessoas mortas até aqui em diferentes regiões do país, segundo a imprensa peruana.

Na terça, um jovem de 19 anos morreu ao ser atingido na orelha durante ato na cidade de Ambo, a 350 quilômetros da capital. Ele chegou ao hospital já sem vida. Em Jauja, a 260 quilômetros de Lima, um adolescente de 13 anos morreu afogado no rio Yacus ao fugir de bombas de gás lacrimogêneo. Na mesma região, outra vítima foi uma professora de 31 anos, atropelada em meio aos atos.

A princípio convocadas contra a alta no preço de combustíveis, as manifestações tornaram-se os primeiros grandes protestos contra o presidente Castillo, que assumiu o cargo há oito meses e sobreviveu a dois processos de destituição. Ele tem índice de rejeição de 66%, segundo pesquisa do instituto Ipsos.​

O movimento popular ganhou mais força depois que o líder esquerdista decretou um toque de recolher na terça-feira em Lima e na cidade de Callao. As restrições deveriam valer até a meia-noite, mas foram suspensas pouco depois das 17h (horário local), após Castillo negociar com parlamentares enquanto a população desafiava a medida e protestos violentos tomavam a capital.

Enquanto o presidente anunciava ao Congresso o fim do toque de recolher, manifestantes marchavam pelas ruas dizendo que entrariam no Parlamento, segundo a imprensa local, e lançavam garrafas contra a polícia, que reagiu com bombas de gás lacrimogêneo.

Alguns manifestantes agrediram jornalistas que cobriam as manifestações, saquearam lojas e depredaram estações de ônibus e as sedes do Ministério Público e do Judiciário do país. Mais de 20 pessoas ficaram feridas, incluindo ao menos 17 policiais.

Trabalhadores de setores do transporte pararam vias em diferentes cidades contra o preço da gasolina, e manifestantes em Huánaco fizeram bloqueios contra o alto preço de fertilizantes agrícolas.

No setor da construção civil, trabalhadores anunciaram uma paralisação nacional na quinta (7) e uma passeata até o Ministério do Trabalho para pedir aumento de salários. "Há a necessidade de um aumento para recuperar o poder de compra, reduzido pela inflação e pela alta dos combustíveis e necessidades básicas", disse Luis Villanueva, secretário-geral da Federação de Trabalhadores da Construção Civil do Peru.

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