Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Rússia admite 1 morto e 27 desaparecidos em naufrágio de navio de guerra na Ucrânia

Kremlin se negava a comentar baixas após afundamento do Moskva, símbolo do poder naval do país

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Moscou | AFP e Reuters

A Rússia admitiu nesta sexta-feira (22) que o naufrágio de seu principal navio de guerra no mar Negro, o Moskva, deixou um marinheiro morto e 27 tripulantes desaparecidos.

O Ministério da Defesa do país havia confirmado o afundamento do cruzador, um símbolo do poder naval do país, no último dia 14, mas o Kremlin vinha se negando a comentar sobre possíveis baixas desde então. De acordo com a pasta, 396 pessoas foram resgatadas do navio.

O Moskva está no centro de uma dentre as várias guerras de narrativas entre Moscou e Kiev no conflito: os ucranianos afirmam que a embarcação afundou após ser atingida por um míssil Neptune —visão corroborada pela inteligência dos Estados Unidos—, enquanto os russos afirmam que houve um incêndio após a explosão de munição ali transportada.

Imagem de satélite mostra o Moskva no porto de Sebastopol, na Crimeia - Maxar Technologies - 7.abr.22/Reuters

Nenhuma das versões pôde ser confirmada de maneira independente.

Depois do naufrágio, Moscou reforçou ataques a centros militares ucranianos —inclusive próximos à capital, Kiev, região de onde havia se retirado. Já no dia 15, por exemplo, operações miraram um local de fabricação e reparo de mísseis antinavios, no que foi entendido como uma retaliação direta, ainda que isso contradissesse a versão russa para o episódio com o Moskva.

O navio (cujo nome em russo significa Moscou, para adicionar ironia ao caso) tem 186 metros de comprimento, entrou para a frota do país no início dos anos 1980 e foi construído no porto de Mikolaiv, em território que hoje pertence à Ucrânia, à época, parte da União Soviética.

Ainda que o cruzador estivesse um quê obsoleto, analistas militares consideram que o naufrágio representa uma derrota dura —e apenas a segunda de um navio desse porte desde a Segunda Guerra— para as forças de Vladimir Putin. Seja por ele ter sido atingido por mísseis, e aí o motivo é óbvio, seja pelo fato de o paiol de armas ter explodido, o que implicaria desleixo russo.

De acordo com as agências de notícias russas, o naufrágio ocorreu devido a uma perda de estabilidade, por causa das avarias impostas pelo incêndio ao casco, enquanto a embarcação era rebocada de volta para o porto em meio a condições agitadas do mar. Oficialmente, o Kremlin investiga as causas da explosão.

O cruzador desempenhou papel importante em várias campanhas militares do país, inclusive na Síria. Agências de notícias russas dizem que 16 mísseis com alcance de até 700 km estavam a bordo.

A nau ganhou notoriedade no início da guerra pelo ataque à ilha da Cobra, em que 19 marinheiros de Kiev foram capturados e depois trocados por prisioneiros russos. Um selo recém-emitido pelos Correios ucranianos celebrou uma cena que alegadamente teria ocorrido na ocasião, de um fuzileiro naval xingando e desafiando os soldados de Moscou.

O mar Negro é considerado essencial para a campanha militar russa e serve de apoio a operações terrestres no sul e no leste da Ucrânia —hoje epicentro da operação de Moscou, que visa a construir uma ligação entre a Crimeia, anexada em 2014, e o Donbass.

De lá, a Marinha de Moscou já disparou mísseis de cruzeiro contra cidades ucranianas.

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