Descrição de chapéu Guerra na Ucrânia Rússia

Rússia descarta cessar-fogo, e separatistas dizem ter tomado porto de Mariupol

Moscou rejeita pausa em ataques até próxima rodada de negociações com Kiev, sem data para acontecer

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São Paulo

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, disse nesta segunda-feira (11) que Moscou não vai interromper sua "operação militar" —eufemismo que o Kremlin usa para se referir à guerra— antes da próxima rodada de negociações com a Ucrânia.

Até agora, os encontros entre as delegações de negociadores de Moscou e Kiev mostraram-se pouco produtivos. Houve rodadas de diálogo na Belarus, ditadura aliada de Vladimir Putin, e na Turquia, onde o presidente Recep Tayyip Erdogan tenta se colocar como um mediador do conflito, mas nenhuma das reuniões chegou a avanços significativos para encerrar o conflito.

Forças da Ucrânia repeliram vários ataques da Rússia no leste do país, de acordo com relatório da inteligência do Reino Unido divulgado nesta segunda, enquanto o presidente Volodimir Zelenski repetiu que milhares de soldados de Moscou estão se reunindo para uma nova ofensiva na região.

Equipes de resgate buscam corpos sob ruínas de prédio destruído por bombardeio russo em Borodianka, nos arredores de Kiev
Equipes de resgate buscam corpos sob ruínas de prédio destruído por bombardeio russo em Borodianka, nos arredores de Kiev - Zohra Bensemra/Reuters

As forças russas também seguem pressionando Mariupol, ponto estratégico para os interesses do Kremlin, na tentativa de estabelecer controle total sobre a cidade, alvo de ataques constantes desde o início da guerra e palco da mais grave crise humanitária do conflito.

"Há dezenas de milhares de mortos, mas mesmo assim os russos não param a ofensiva", disse Zelenski em discurso ao Parlamento da Coreia do Sul. A estimativa do presidente não pôde ser confirmada.

Uma publicação na página do Facebook da 36ª Brigada de Fuzileiros Navais, um braço da Marinha da Ucrânia, havia dito que a cidade estava se preparando para a "batalha final". "Nossas munições estão acabando. Isso significa morte para alguns de nós e cativeiro para outros", dizia a mensagem. "Estamos desaparecendo pouco a pouco."

Horas depois, porém, o assessor do prefeito de Mariupol, Petro Andriuschenko, informou que a página dos fuzileiros havia sido hackeada, e o conteúdo da mensagem, portanto, era falso. A informação não pôde ser confirmada de maneira independente.

Segundo a publicação inicial, quase metade dos soldados ucranianos na cidade portuária está ferida. A unidade diz estar lutando há mais de um mês "sem munição, sem comida, sem água, fazendo o possível e o impossível". "O inimigo nos fez recuar pouco a pouco, nos cercou e agora tenta nos destruir", diz a brigada, acrescentando críticas por falta de apoio "do comando do Exército e do presidente".

O líder dos separatistas pró-Rússia na região de Donetsk, no Donbass, porção leste do território da Ucrânia, afirmou que o grupo agora detém controle do porto de Mariupol.

Também nesta segunda, o chanceler da Áustria, Karl Nehammer, deve se encontrar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. A Áustria não tem um papel determinante no conflito com a Ucrânia, mas o encontro será o primeiro entre o russo e um líder europeu desde o início do conflito, em 24 de fevereiro.

"Somos militarmente neutros, mas temos uma posição clara sobre a guerra de agressão russa contra a Ucrânia. Ela tem que parar! Precisamos de corredores humanitários, cessar-fogo e uma investigação completa de crimes de guerra", escreveu Nehammer em uma publicação no Twitter.

Em seu discurso diário aos ucranianos, Zelenski voltou a fazer alertas sobre a possível intensificação de ataques russos no leste —corroborado pelo Reino Unido, que registrou bombardeios nas províncias de Donetsk e Lugansk. "Tropas russas vão se mover para operações ainda maiores no leste", disse o ucraniano, reiterando aos parlamentares sul-coreanos o pedido de mais ajuda militar contra a Rússia.

"Eles podem usar ainda mais mísseis, mais bombas. Mas estamos nos preparando. Vamos responder."

Com AFP e Reuters

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