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Sarkozy, ex-presidente da França, declara apoio a Macron no segundo turno

Aproximação do político conservador foi recebida com cautela por receio de que deixe eleitores de esquerda refratários

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Paris | Reuters

O ex-presidente da França Nicolas Sarkozy (2007-2012), um conservador, manifestou nesta terça-feira (12) apoio público a Emmanuel Macron no segundo turno das eleições presidenciais, no qual o atual líder francês, de centro-direita, disputará o Palácio do Eliseu com a ultradireitista Marine Le Pen.

"Votarei em Macron porque acredito que ele tem a experiência para lidar com a crise internacional que enfrentamos, mais complexa que nunca", escreveu Sarkozy numa rede social, referindo-se, provavelmente, à Guerra da Ucrânia, conflito em que o líder francês tem buscado assumir protagonismo diplomático.

O ex-presidente Nicolas Sarkozy (esq.) e o atual presidente da França, Emmanuel Macron (dir.), durante evento em Paris
O ex-presidente Nicolas Sarkozy (esq.) e o atual presidente da França, Emmanuel Macron (dir.), durante evento em Paris - Ludovic Marin - 18.jun.20/Pool/Reuters

O apoio de Sarkozy, há anos na mira da Justiça francesa, foi recebido por aliados de Macron com cautela. Por um lado, é visto como um possível facilitador para que aqueles que votaram em Valérie Pécresse, a candidata dos Republicanos —sigla de Sarkozy—, no primeiro turno escolham Macron no segundo.

Pécresse recebeu 4,8% dos votos válidos, em meio a um processo de perda de força das siglas tradicionais, sendo a quinta mais votada. O próprio Sarkozy não chegou a manifestar apoio público a ela, que foi ministra em seu governo, num movimento lido como uma tentativa de aproximação com Macron.

Projeções do Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop) mostram que 35% dos eleitores de Pécresse pretendem votar em Macron no segundo turno, e outros 35% devem assinalar o nome de Le Pen na cédula eleitoral. Os 30% restantes devem se abster, votar em branco ou anular a participação no pleito.

Por outro lado, porém, o apoio foi visto como ameaça à atração do eleitorado de esquerda, principal fatia que Macron e Le Pen disputam agora. Alguns aliados do atual presidente veem a aproximação como uma janela para que mais eleitores desse espectro decidam não votar no segundo turno.

À agência de notícias Reuters um ex-ministro do Partido Socialista próximo a Macron disse que Sarkozy é uma figura respeitada por boa parte da direita, mas não há unanimidade em torno de seu nome, além de, para a esquerda, ele permanecer uma espécie de bicho-papão.

Juntas, as siglas desse espectro somaram pouco mais de 30% dos votos no primeiro turno, com destaque para Jean-Luc Mélenchon, do França Insubmissa, que obteve 22%.

De seus eleitores, 33% dizem querer votar em Macron. Outros 23%, porém, afirmam que apoiarão Le Pen, contrariando orientação dada pelo próprio Mélenchon para que nenhum voto da esquerda seja transferido para a ultradireitista. A maior parte (44%) reúne os que pretendem se abster, votar em branco ou anular.

O ex-presidente direitista e Macron se tornaram mais próximos ao longo dos últimos cinco anos. Fontes próximas ao governo relatam que o atual líder francês chegou a convidar Sarkozy para jantares na sede do governo francês e a pedir conselhos políticos a ele.

Ainda na publicação em que manifestou apoio a Macron, ele demonstrou a possível aproximação partidária. "Uma nova era está começando, e isso requer mudanças profundas; precisaremos mudar nossos hábitos e compartilhar reflexões", escreveu.

O sucessor de Sarkozy, François Hollande, de quem quem o atual presidente foi ministro da Economia, ainda não anunciou apoio para o segundo turno. Em seu Twitter, ele anunciou que deve se pronunciar sobre o tema em entrevista à rede TF1 nesta quinta (14). A candidata de seu partido, Anne Hidalgo, ficou em 10º lugar, com menos de 2% dos votos.

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