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Timor Leste elege Nobel da Paz como novo presidente

Jurista José Ramos-Horta, líder da independência do país do Sudeste Asiático, foi eleito com mais de 60% dos votos

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Laureado com o prêmio Nobel da Paz em 1996 e líder da independência do Timor Leste, conquistada há 20 anos, o jurista José Ramos-Horta, 72, venceu as eleições presidenciais timorenses nesta quarta (20). Ele obteve 62% dos votos, contra 38% do atual presidente, Francisco Guterres, conhecido como Lu Olo.

Esta será a segunda vez que Ramos-Horta ocupa a Presidência do país de 1,3 milhão de habitantes que integra, ao lado do Brasil e de outras sete nações, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Ele esteve no posto de 2007 a 2012 e, antes, também foi premiê e chanceler.

O jurista José Ramos-Horta vota nas eleições presidenciais do Timor Leste, em Díli - Valentino Dariel Sousa - 19.abr.22/AFP

O jurista, que por décadas viveu exilado, estava aposentado, mas afirma que se sentiu impelido a voltar à vida política por entender que Lu Olo havia excedido seus poderes ao se recusar a empossar seis ministros depois das últimas eleições parlamentares, realizadas em 2018. O país, porém, segue com índices elevados de democracia nos principais institutos internacionais que monitoram o tema.

Nascido na capital Dili, em 1949, filho de mãe timorense e pai português que havia sido deportado pelo governo de Portugal após se opor à ditadura de António Salazar (1933-1974), Ramos-Horta viveu décadas como porta-voz exilado dos guerrilheiros timorenses contra a ocupação da vizinha Indonésia.

O Timor Leste viveu mais de quatro séculos sob o jugo de outras nações. Primeiro, foi colônia de Portugal —o que fez da língua portuguesa um dos idiomas do país, ainda que cada vez mais raro entre a população— até 1975 e, na sequência, assistiu a 24 anos de dominação da Indonésia. O país tornou-se oficialmente independente somente em 2002, após ser administrado por uma missão das Nações Unidas.

Foi então que a nação se somou à CPLP, sendo o oitavo país a integrar o bloco lusófono criado em 1996. Proibida durante a ocupação da Indonésia, época que deixou milhares de mortos, a língua portuguesa foi posteriormente colocada como idioma oficial, ao lado do tétum. O país possui mais de 30 dialetos locais.

Ramos-Horta foi laureado com o Nobel da Paz ao lado do bispo Carlos Belo, em 1996, por seu trabalho na busca de uma solução pacífica para o conflito no país. Quando presidente, ele foi alvo de uma tentativa de assassinato orquestrada por um grupo de militares rebeldes. Recebeu três tiros, dois nas costas e outro no estômago, e chegou a ficar em coma induzido, mas depois se recuperou e concluiu o mandato.

Durante as eleições, o novo presidente timorense disse que o país poderia esperar um "terremoto político" uma vez que, se eleito, ele buscaria dissolver o Parlamento e convocar eleições gerais antecipadas na tentativa de devolver legitimidade ao Legislativo nacional e apaziguar o impasse político em curso.

Além da instabilidade política, Ramos-Horta terá como um de seus principais desafios a diversificação da economia local. O Timor Leste depende essencialmente das reservas offshore de petróleo e gás, que representam cerca de 90% do PIB. O governo tem sido criticado por não capitalizar a receita dos recursos naturais para financiar o desenvolvimento econômico e social e diversificar a economia.

O novo presidente será empossado daqui a um mês, em 20 de maio, no 20º aniversário da restauração da independência do Timor Leste. Cerca de 40% da população hoje está abaixo da linha da pobreza.

Com Reuters

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