Uma família de turistas americanos gerou pânico nesta quinta-feira (28) no aeroporto de Tel Aviv, o maior de Israel, depois de mostrar a seguranças uma granada não detonada.
O artefato, segundo eles, foi encontrado em uma visita às colinas de Golã, território na fronteira com a Síria que Israel anexou após a Guerra dos Seis Dias, em 1967. A ideia da família, de acordo com o Times of Israel, era levá-lo como uma espécie de suvenir —a granada estava embalada numa sacola plástica.
Mal houve tempo para a insólita tentativa de explicação das razões à equipe de segurança do aeroporto: quando, por precaução, foi solicitada a retirada dos passageiros da área de embarque, as pessoas em volta se desesperaram e provocaram pânico no terminal.
Imagens publicadas nas redes sociais mostram dezenas de passageiros agachados ou deitados no chão, preocupados com uma possível detonação e a possibilidade de o caso ser um ataque terrorista.
Segundo a Autoridade Aeroportuária de Israel, um homem de 32 anos precisou ser hospitalizado após se ferir tentando fugir e tropeçar em uma esteira de bagagem. O órgão também informou, de acordo com a agência de notícias Reuters, que depois de prestar depoimento à equipe de segurança a família foi autorizada a embarcar —sem o suvenir militar, por óbvio.
Não foi esclarecido o que foi feito com o artefato. Bombas não explodidas podem representar risco: em dezembro do ano passado, por exemplo, ao menos quatro pessoas ficaram feridas após uma bomba da 2ª Guerra Mundial explodir em Munique, na Alemanha.
Israel possui altos níveis de segurança e controle em aeroportos, muito em parte devido ao histórico de conflitos. Nas últimas semanas, a tensão no país cresceu, em meio às celebrações do Ramadã muçulmano, do Pessach judaico e da Páscoa cristã.
No último domingo (24), o país fechou para comerciantes e trabalhadores sua única passagem com a Faixa de Gaza, depois de palestinos lançarem três foguetes. O bloqueio é uma tentativa de exercer pressão econômica para convencer o Hamas a reprimir os ataques.
Dois dias antes, mais de 50 palestinos ficaram feridos em confrontos com a polícia de Israel no complexo da mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém. As forças de segurança relataram ter agido após centenas de pessoas começarem a atirar pedras e fogos de artifício, aproximando-se do Muro das Lamentações, onde um serviço judaico estava em andamento.
Na semana anterior, confrontos semelhantes já haviam deixado mais de 150 palestinos feridos.
Antes, Israel foi alvo de atentados, a maioria reivindicada por cidadãos de origem árabe ou beduína e celebrada por grupos extremistas palestinos. A contraofensiva israelense também gerou mortes.
A situação delicada ainda se desdobrou em uma crise política e em ameaças internas. A polícia do país investiga duas cartas de ameaças enviadas à família do primeiro-ministro Naftali Bennett em um período de menos de 48 horas. A mulher e um dos filhos do premiê foram os destinatários de dois envelopes que continham ameaças e munições de arma de fogo.
Na quarta-feira (27), véspera do Dia Internacional da Lembrança do Holocausto —celebrado nesta quinta—, Bennett comentou o assunto durante um discurso no Yad Vashem, considerado o memorial oficial das vítimas do massacre promovido pelo regime nazista.
"Mesmo durante o capítulo mais sombrio da história judaica, durante o inferno de extermínio de nosso povo, a esquerda e a direita não encontraram uma maneira de trabalhar juntas", disse. "Meus irmãos e irmãs, não podemos permitir que o mesmo gene perigoso do facciosismo desmantele Israel por dentro."
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