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Biden pede união contra 'veneno da supremacia branca' em visita a local de massacre

Presidente defende medidas para conter discursos de ódio e recrutamento de terroristas na internet

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Washington

Em visita à cidade de Buffalo, no estado de Nova York, palco de um massacre com motivação racial que deixou dez pessoas mortas e outras três feridas, o presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, pediu nesta terça-feira (17) união para combater o "veneno da supremacia branca".

O líder americano voltou a classificar o caso de terrorismo doméstico e afirmou que "o ódio não vai prevalecer". "A supremacia branca não dará a palavra final. Foi um ataque racista, transmitido ao vivo para o mundo. O que aconteceu aqui foi terrorismo, terrorismo doméstico", disse Biden.

O presidente dos EUA, Joe Biden, ao lado da primeira-dama, Jill, durante visita a memorial em Buffalo, no estado de Nova York
O presidente dos EUA, Joe Biden, ao lado da primeira-dama, Jill, durante visita a memorial em Buffalo, no estado de Nova York - Leah Millis/Reuters

No sábado, Payton Gendron, 18, abriu fogo contra clientes de um supermercado, numa ação transmitida ao vivo pela internet, ambiente no qual também publicou um manifesto para justificar o ataque, baseado em teorias racistas, como a de que os negros estariam tomando o lugar dos brancos na sociedade.

A ideia de que os brancos estão sob ameaça frente ao aumento da população de negros, latinos e imigrantes é repetida, de modo direto ou indireto, por alguns nomes do Partido Republicano e apresentadores de TV, em especial Tucker Carlson, um dos principais âncoras da canal Fox News.

Ao lado da primeira-dama, Jill Biden, o presidente foi ao memorial montado próximo ao local do massacre. Depois, conversou com familiares das vítimas e membros das equipes de resgate e, à tarde, fez o discurso no qual lembrou a história das pessoas assassinadas e destacou o componente racial do ataque.

"A supremacia branca é um veneno correndo pelo nosso corpo político e que tem crescido na frente dos nossos olhos", afirmou Biden. "Temos que dizer claramente que a ideologia da supremacia branca não tem lugar na América. É hora de pessoas de todas as raças e de todas as origens tomarem a voz como a maioria da América e rejeitarem a supremacia branca. Essas ações que vimos nesses ataques cheios de ódio representam a visão de uma minoria. Não podemos deixar elas destruírem a alma da América."

O democrata também disse que os americanos têm de se recusar a viver em um país onde pessoas negras podem ser mortas ao fazer compras no mercado e, numa mensagem cifrada mas dirigida ao seu antecessor, o republicano Donald Trump, afirmou que é preciso se negar a viver em um país no qual "ódio e mentiras são usados para obter o poder". "E lucros", acrescentou o líder americano.

Biden, no entanto, discorreu pouco sobre medidas práticas para evitar a repetição de crimes do tipo. O democrata afirmou que é possível manter armas de assalto fora das ruas e fez referência à aprovação de uma lei que, segundo ele, provocou a queda de tiroteios. Sobre as redes sociais, o presidente defendeu medidas para conter o uso da internet para o recrutamento de terroristas e o estímulo a novos ataques.

Uma medida defendida por ativistas para reduzir o risco de atentados é ampliar a checagem de antecedentes, evitando que pessoas com histórico de violência ou problemas mentais comprem armas. Projeto de lei federal sobre o tema foi aprovado em 2021 na Câmara, mas está parado no Senado.

O direito ao porte de armas é garantido pela 2ª Emenda da Constituição, e algumas leis federais também regulam a questão. Mudanças são difíceis porque os republicanos, com poder no Senado para barrar propostas que alterem a Carta americana, colocam as armas como símbolo de liberdade a ser defendido.

Em abril deste ano, a Casa Branca anunciou medidas contra as "ghost guns", as armas fantasmas, sem registro, que podem ser montadas em kits com peças separadas. O Departamento de Justiça passou a considerá-los armas de fogo e a exigir checagem de antecedentes na hora da compra.

Apesar de os EUA terem dado grande atenção ao terrorismo internacional após os ataques do 11 de Setembro, estatísticas mostram que houve muito mais ações violentas dentro do país na última década.

A Liga Anti-Difamação (ADL, na sigla em inglês) apontou a ocorrência, de 2012 a 2021, nos EUA, de 450 assassinatos com motivação ligada ao extremismo político. Desses casos, 75% tinham relação com ideias radicais de direita, como o supremacismo branco, presente em 55% dos episódios. Atentados ligados a visões radicais do islamismo formaram 20% dos casos, e os de elos com extremismo de esquerda, 4%.

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