Descrição de chapéu Diplomacia Brasileira Rússia

Bolsonaro diz que se reunirá com Biden para prosseguir com políticas discutidas com Trump

Presidente diz que aceitou convite após garantia de que audiência com democrata teria ao menos 30 minutos; 'Tive três horas com Putin'

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Carla Borges
Goiânia

Um dia depois de confirmar que irá à 9ª edição da Cúpula das Américas, encontro que reunirá líderes do continente no início de junho, em Los Angeles, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta sexta-feira (27) que aceitou o convite do governo americano depois de ter a garantia de que a reunião bilateral com Joe Biden terá ao menos 30 minutos de duração.

"Não iria jamais para lá para ser moldura de uma fotografia. Tem uma audiência bilateral de pelo menos 30 minutos com ele? Tive três horas com Putin. A resposta foi sim. Então iremos falar a posição do Brasil, falar o que havia tratado com o presidente Donald Trump para continuarmos essa política."

O presidente Jair Bolsonaro durante motociata em Goiânia
O presidente Jair Bolsonaro durante motociata em Goiânia - Alan Santos/Presidência da República

A declaração de Bolsonaro foi dada em Goiânia, durante a Convenção Nacional das Assembleias de Deus do Ministério Madureira, que reúne líderes desse segmento evangélico de todo o Brasil.

Bolsonaro chegou ao local após participar de uma motociata que saiu do antigo aeroporto em direção à igreja. De terno e capacete, ele pilotou uma moto, levando na garupa o deputado federal e pré-candidato do PL ao governo de Goiás, major Vitor Hugo, que não usava o equipamento de segurança.

O presidente brasileiro recebeu na terça (24) um emissário do governo americano, o ex-senador Christopher Dodd, que viajou a Brasília com a missão de convencer o chefe do Executivo brasileiro a participar da Cúpula das Américas. Bolsonaro havia sinalizado que poderia faltar ao evento, o que gerou o temor de esvaziamento do encontro —o líder do México, Andrés Manuel López Obrador, também sinalizou que não pretende comparecer caso os líderes de Cuba, Nicarágua e Venezuela não sejam convidados.

O convite para uma reunião com o democrata à margem da cúpula foi, assim, uma tática dos EUA para atrair Bolsonaro. Nesta sexta, o líder brasileiro disse que o encontro com Biden é "para o bem dos dois povos" e que ele é o presidente que mais respeita e admira os americanos.

"Não podemos continuar dessa forma", disse ele, em referência às rusgas com o democrata, que envolvem críticas ao desmatamento na Amazônia e os questionamentos de Bolsonaro ao sistema eleitoral. "Assim como sou bem tratado pelo presidente e pelo premiê de Israel, um país exemplo para nós".

Na quinta (26), o mandatário disse que, na reunião do G20, no ano passado, realizada em Roma, Biden o tratou como se ele "não existisse". "Quando entrou o Biden, de minha parte não mudei política com ele. Encontrei com ele no G20, passou como se eu não existisse. Foi o tratamento dele com todo mundo, não sei se é a idade." Biden tem 79 anos e Bolsonaro, 67.

A 9ª edição da Cúpula das Américas foi pensada por Washington para simbolizar o retorno da liderança dos EUA em assuntos da América Latina. Em 2018, o ex-presidente Donald Trump se tornou o primeiro líder americano a faltar ao evento.

No Itamaraty, diplomatas veem no risco de esvaziamento da cúpula uma oportunidade que não deveria ser desperdiçada. Após meses de atritos entre os governos de EUA e Brasil, pela primeira vez o americano se encontra numa situação de dificuldade em que precisa da colaboração de Bolsonaro. De acordo com interlocutores, o presidente brasileiro está numa posição em que pode exigir gestos dos americanos.

A reunião com Biden também é desejada por membros do Planalto para reforçar o argumento de que o Brasil na verdade não está isolado internacionalmente. Antes, o mandatário tinha resistência em sair do país devido ao cenário interno. Em pré-campanha pela reeleição, ele afirmou a aliados que a prioridade nos próximos meses é a agenda doméstica.

Em 2020, Bolsonaro foi um dos últimos líderes a cumprimentar Biden após as eleições presidenciais e, em diversas declarações, colocou em dúvida a vitória dele, endossando acusações sem base na realidade feitas por Trump, de quem é aliado, de que teria havido fraude no pleito.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.