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Explosão destrói hotel de luxo em Havana e deixa ao menos 22 mortos

Autoridades descartam bomba e apontam vazamento de gás como causa; 40 pessoas se feriram e 13 estão desaparecidas

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Havana | Reuters

Uma forte explosão no famoso hotel Saratoga, no centro de Havana, deixou ao menos 22 mortos —incluindo uma grávida e uma criança— e 70 feridos nesta sexta-feira (6). Entre os feridos, há 11 em situação extremamente grave, de acordo com o diretor de um dos hospitais para onde eles foram levados.

O regime cubano, no entanto, confirma 18 mortos, enquanto a TV estatal fala que foram localizados mais quatro corpos sob os escombros, o que elevaria o número das vítimas.

O líder de Cuba, Miguel Díaz-Canel, que foi ao local do acidente cerca de uma hora após o ocorrido, descartou a possibilidade de a explosão ter sido causada por uma bomba e apontou um vazamento de gás como a causa mais provável. A fala do político está afinada com as informações que foram passadas inicialmente pela TV estatal, segundo a qual o incidente não foi fruto de um "ataque terrorista".

Bombeiros passam em frente ao hotel Saratoga, destruído por uma explosão, em Havana, Cuba - Alexandre Meneghini/Reuters

Hotel cinco-estrelas com 96 quartos, dois restaurantes e uma piscina na cobertura, o Saratoga estava fechado e reabriria ao público no próximo dia 10 de maio, após as piores fases da pandemia de Covid na ilha darem sinais de melhora —aos poucos, locais de serviço e infraestrutura turística, como bares e restaurantes, têm voltado a operar. Só havia funcionários no local no momento da explosão, e a nacionalidade das vítimas não foi informada.

"Até agora, não temos informação de estrangeiros feridos ou mortos, mas é preciso esperar, porque a informação ainda é muito primária", disse o ministro de Turismo, Juan Carlos García Granda. Díaz-Canel também visitou o hospital Calixto Garcia, um dos quais recebeu os feridos. "Um menino de dois anos está sendo operado por uma fratura no crânio", relatou Miguel Hernán Estévez, diretor do hospital Hermanos Almejeiras, outro para onde foram levadas vítimas.

O responsável pela empresa estatal Gaviota, proprietária do estabelecimento, Roberto Calzadilla, disse que a explosão aconteceu quando "o gás estava sendo reabastecido com um cano [caminhão-tanque]".

"Os trabalhadores estavam fazendo reparos e todo o trabalho para abrir a propriedade. Pela manhã eles estavam reabastecendo o gás e parece que algum acidente causou uma explosão", afirmou. O imóvel construído em 1880, primeiro como armazém, foi remodelado como hotel em 1933 e reaberto em 2005.

Pouco depois das 11h locais (12h em Brasília), uma nuvem de fumaça e pó cobriu a avenida Prado, a principal do centro da capital cubana, onde fica o Saratoga. Algumas pessoas chegaram a ser atendidas por paramédicos no local.

Os primeiros quatro andares da estrutura explodiram e ficaram praticamente destruídos, cercados por montanhas de escombros e pedaços de vidro. Vários carros que estavam estacionados próximo ao local foram danificados.​

Por precaução, policiais isolaram dois quarteirões da região. Pelo menos duas ambulâncias e cinco caminhões de bombeiros chegaram ao entorno, onde havia forte mobilização de forças de segurança. Até a publicação deste texto, policiais e bombeiros continuam a vasculhar os escombros em busca de sobreviventes.

A polícia isolou também pontos-chave e edifícios próximos ao hotel, incluindo o histórico e turístico Capitólio, antiga sede do governo do país. A cúpula do telhado de uma igreja batista posteriormente desabou, segundo a agência AFP.

De acordo com a Reuters, a explosão gerou uma breve onda de pânico na região. O turismo é parte central da economia cubana, e a reabertura é especialmente aguardada depois dos impactos deletérios do fechamento provocado pela pandemia —com a crise sanitária, o PIB de Cuba sofreu uma redução de 11% em 2020, e a inflação chegou a 300%.

Em uma escola ao lado do hotel, todas as crianças foram retiradas. O regime cubano informou que nenhuma ficou ferida.

O chanceler Bruno Rodríguez expressou sua "solidariedade e consternação" pela explosão e enviou "sinceras condolências aos familiares das vítimas".

O Saratoga foi remodelado por uma empresa britânica após a queda da União Soviética e foi considerado por muito tempo o principal local para visitar altos funcionários da ditadura cubana e celebridades. Ao longo dos últimos anos, porém, perdeu espaço para novos estabelecimentos em Havana.

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