Jornalista chilena baleada em atos do 1º de Maio morre em Santiago

Francisca Sandoval foi atingida na cabeça; polícia acusa grupo que explora comércio ambulante na região

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Santiago | AFP

A jornalista chilena Francisca Sandoval, 30, internada desde que foi baleada na cabeça enquanto cobria as manifestações de 1º de Maio em Santiago, morreu nesta quinta-feira (12). A repórter do veículo comunitário Señal 3 de La Victoria foi uma das três pessoas feridas por armas de fogo na ocasião.

Investigação da polícia aponta que os projéteis foram disparados por integrantes de um grupo criminoso que domina o comércio ambulante do bairro Meiggs e estaria envolvido também na exploração de imigrantes. Na semana passada, três acusados de terem participado do tiroteio na manifestação foram detidos; um deles, Marcelo Naranjo, 41, é apontado como provável autor dos disparos contra a jornalista.

Manifestantes colocam foto da jornalista Francisca Sandoval no portão do hospital em que ela estava internada, em Santiago
Manifestantes colocam foto da jornalista Francisca Sandoval no portão do hospital em que ela estava internada, em Santiago - Martin Bernetti - 12.mai.22/AFP

Durante a marcha, convocada pela Central dos Trabalhadores da comuna de Estación Central, incidentes foram relatados quando manifestantes montaram barricadas entrando em lojas e enfrentando comerciantes. Teria sido nesse momento que os criminosos dispararam e atingiram Sandoval.

De acordo com o médico responsável pelo tratamento, a jornalista teve uma hemorragia cerebral e apresentou quadro clínico instável desde que chegou ao hospital.

Logo após a confirmação da morte, na manhã desta quinta, o presidente do Chile, Gabriel Boric, expressou condolências à família da profissional, a quem descreveu como vítima inocente de criminosos. "Não permitiremos a impunidade em nenhum caso", escreveu o esquerdista em sua conta no Twitter.

"A violência prejudica a democracia e afeta as famílias de forma irreparável. Nosso compromisso é com a segurança e com a Justiça, e não vamos descansar."

A emissora na qual a repórter trabalhava também lamentou o óbito. "Francisca não nos deixou, ela foi assassinada. Com essas palavras confirmamos a morte da querida Fran. Sentiremos sua ausência e faremos o possível para encontrar a verdade", disse em um comunicado.

Ainda nesta quinta, um grupo de estudantes de jornalismo protestou em frente ao hospital onde a profissional morreu, para denunciar violações de direitos humanos e de ameaças à liberdade de imprensa. O local se tornou ponto de atos, em algumas ocasiões violentos, desde que a jornalista foi internada.

Durante os 12 dias, a imprensa chilena noticiou barricadas nas imediações da instituição, além de vandalismo a uma estação de serviço e saques a duas farmácias. O movimento chegou a incomodar os trabalhadores do hospital, que fizeram um protesto na quarta pedindo mais medidas de segurança.

Em entrevista à Señal 3, a família da jornalista agradeceu a solidariedade, mas pediu calma aos manifestantes. "Que não haja incidentes e confrontos fora do hospital. Esse é um pedido expresso de sua família, por isso esperamos o respeito de todos aqueles que vêm para expressar seu carinho", disse.

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