Protestos e focos de violência no 1º de Maio na França pressionam o reeleito Macron

Cartazes com frases como 'aposentadoria antes da artrite' criticam projeto do líder francês de aumentar idade mínima para receber pensões

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Paris | Reuters

Milhares de pessoas participaram de protestos do feriado de 1º de Maio em toda a França neste domingo (1º) para pedir justiça social e melhores salários, além de pressionar o presidente reeleito Emmanuel Macron a abandonar os planos de aumentar a idade mínima para se aposentar no país.

A maioria dos atos foram pacíficos, mas em Paris agentes de segurança intervieram após manifestantes black blocs tentarem montar uma barricada em uma rua próxima à Praça da República, segundo a polícia.

Manifestante próximo a chamas do lado de fora de estabelecimento comercial durante confrontos com a polícia nos atos do Dia do Trabalho, em Paris
Manifestante próximo a chamas do lado de fora de estabelecimento comercial durante confrontos com a polícia nos atos do Dia do Trabalho, em Paris - Alain Jocard/AFP

Uma loja da rede de fast food McDonald's e uma imobiliária na praça Leon Blum também foram saqueadas, e as janelas de ambos os estabelecimentos foram quebradas, e latas de lixo, incendiadas.

O custo de vida foi o principal tema da eleição e deve seguir como uma questão importante para o pleito legislativo, em junho, no qual o partido de Macron e seus aliados terão de vencer para implementarem suas políticas pró-mercado, incluindo o aumento da idade de aposentadoria de 62 para 65 anos.

Cerca de 250 manifestações foram organizadas em Paris e em cidades como Lille, Nantes, Toulouse e Marselha. Na capital, sindicatos participaram dos atos ao lado de políticos —a maioria dos quais de esquerda— e de ativistas contra a crise climática. Muitos dos que marcharam levavam cartazes como "aposentadoria antes da artrite", "aposentadoria aos 60 e preços congelados" e "fora Macron".

"Quanto mais forte for a mobilização neste 1º de Maio, mais nós seremos capazes de pressionar as políticas do governo", afirmou Philippe Martinez, líder CGT (Confederação Geral do Trabalho), antes do início dos atos. "O governo terá de lidar com o problema do poder de compra aumentando os salários."

Macron foi reeleito para um novo mandato de cinco anos à frente do Palácio do Eliseu ao derrotar a ultradireitista Marine Le Pen no segundo turno, realizado no domingo passado. O ultraesquerdista Jean-Luc Mélenchon, que ficou em terceiro na primeira volta, compareceu à marcha em Paris.

Ele quer unir a esquerda, incluindo os Verdes, para dominar o Parlamento e pressionar Macron, mas até agora esse arranjo não se concretizou. "Não faremos nenhuma concessão nas aposentadorias", afirmou Mélenchon. O candidato derrotado disse também manter esperanças de que um pacto para construir uma nova "união popular" da esquerda seja acordado até a noite deste domingo.

Diferentemente de anos anteriores, Le Pen não colocou uma coroa de flores na estátua de Joana d'Arc, que o partido dela usa como símbolo nacionalista. Ela foi substituída pelo presidente interino do Reunião Nacional, Jordan Bardella, que disse que a derrotada está se preparando para as eleições legislativas.

Em um vídeo, Le Pen pediu a eleitores que apoiem quantos deputados de sua legenda forem possíveis em junho, o que, segundo ela, poderia proteger o poder de compra e evitar que Macron implemente "um projeto perigoso para a França e para o povo francês". O pleito ocorrerá nos dias 12 e 19 de junho.

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