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Membro dos Panteras Negras ganha liberdade condicional após 50 anos preso

Sundiata Acoli, 85, está na prisão há quase cinco décadas pelo assassinato de um policial em 1973

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Um tribunal de Nova Jersey concedeu liberdade condicional ao ex-membro mais velho dos Panteras Negras após quase 50 anos na prisão. Sundiata Acoli, 85, foi condenado a prisão perpétua em 1974 pelo assassinato de um policial no ano anterior. Fundado em 1966, os Panteras Negras eram um grupo revolucionário nacionalista e socialista que defendia a autodefesa armada sobretudo contra a polícia.

O tiroteio que levou Acoli à prisão ocorreu após uma blitz de rotina em uma rodovia no Estado americano de Nova Jersey. O tiroteio que se seguiu deixou um soldado, Werner Foerster, morto e outro ferido.

Integrantes do Partido dos Panteras Negras fazem protesto, em Nova York, em 1969, pedindo a liberação de colega acusado de participar de atentado
Integrantes do Partido dos Panteras Negras fazem protesto, em Nova York, em 1969, pedindo a liberação de colega acusado de participar de atentado - Reprodução

À época, Acoli estava viajando com Assata e Malik Shakur, dois membros do Exército de Libertação Negra, braço armado dos Panteras Negras. Ele foi preso após perseguição policial junto a Assata Shakur.

Acoli há muito tempo afirma que perdeu a consciência após ser atingido no fogo cruzado e acordou com o corpo morto de Foerster ao seu lado. Depois de ter repetidamente negada sua liberdade condicional desde que ganhou o direito ao benefício, há 29 anos, a Suprema Corte de Nova Jersey agora votou por três a dois para derrubar uma decisão do conselho de liberdade condicional.

Em um parecer escrito sobre o caso de Acoli, os juízes do tribunal disseram que seu comportamento na prisão foi "exemplar" e que ele completou 120 programas atrás das grades. Em 2010, um psicólogo designado pelo Estado determinou que Acoli "parecia arrependido" e havia expressado "profundo arrependimento" por seu papel na morte de Foerster. Os comentários do psicólogo foram repetidos por Acoli em uma audiência de liberdade condicional seis anos depois.

"Lamento profundamente as ações que aconteceram", disse ele. "Foram tempos turbulentos e temerosos."

Mas o conselho de liberdade condicional negou repetidamente suas tentativas de obter o benefício, argumentando que ele ainda poderia representar uma ameaça ao público.

Mas, segundo o juiz da Suprema Corte de Nova Jersey, Barry T. Albin, as opiniões do conselho "não eram apoiadas por evidências críveis substanciais". Entre aqueles que se manifestaram contra a libertação de Acoli está o governador de Nova Jersey, Phil Murphy, que disse em um comunicado que quem matar um policial deve "permanecer atrás das grades até o fim de sua vida".

Pelo menos 12 membros idosos dos Panteras Negras ainda estão presos nos Estados Unidos.

Os atletas norte-americanos Tommie Smith (centro) e John Carlos (dir.), medalhas de ouro e de bronze nos Jogos Olímpicos da Cidade do México (1968), fazem a saudação com o punho cerrado do grupo Panteras Negras - France Presse- AFP

A integrante com quem ele foi preso, Assata Shakur —anteriormente conhecida como Joanne Chesimard—, está foragida desde uma fuga da prisão em 1977. Acredita-se que ela, que continua na lista dos mais procurados do FBI, a polícia federal americana, esteja em Cuba.

Ela é considerada até hoje uma heroína para muitos ativistas de esquerda dos EUA.

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