Ricardo Alarcón, um dos homens mais poderosos durante o governo de Fidel Castro e uma peça importante nas relações com os EUA, morreu em Havana na noite de sábado (30), anunciou sua família.
O ex-diplomata foi um dos arquitetos do primeiro diálogo migratório entre Washington e Havana em 1978, quando as negociações começaram com um grupo de representantes da comunidade cubana nos EUA.
Por isso, Alarcón teve papel crucial no acordo com os americanos para colocar um fim ao êxodo massivo de cubanos pelo mar em 1994 e foi protagonista ao conseguir o retorno a Cuba de Elián Gonzalez, à época com sete anos. Ele, que sobreviveu a um naufrágio, estava com parentes em Miami e voltou em 2000.
Fumante de charutos e bebedor de rum, sempre vestido com uma guayabera, em certo momento Alarcón virou o terceiro homem mais poderoso do Partido Comunista, depois de Fidel e Raúl Castro.
Foi, ainda, chanceler em 1992 e 1993 e, em seguida, serviu como presidente da Assembleia Nacional por 20 anos, até ser retirado do cargo e da liderança da ditadura. Nenhuma razão foi dada para sua queda, ainda que seu aliado mais próximo, Miguel Álvarez, tenha sido preso no ano anterior por espionagem para os EUA, e o procedimento em casos do tipo é considerar todos os contatos da pessoa comprometidos.
Mesmo assim, Alarcón seguiu como um membro leal da Revolução Cubana. "Para Ricardo Alarcón de Quesada, o mestre dos diplomatas da nossa geração, por quem sempre teremos profundo respeito, admiração e infinito afeto", escreveu no Twitter neste domingo (1º) Josefina Videl, vice-chanceler e líder cubana nas negociações com o governo do ex-presidente americano Barack Obama.
Alarcón, nascido em 21 de maio de 1937, desde cedo participou do movimento 26 de Julho, organização revolucionária que tirou do poder o ditador Fulgencio Batista, apoiado pelos EUA, em 1959.
O ex-diplomata também atuou como líder da Federação de Estudantes Universitários e, depois, da União dos Jovens Comunistas, braço jovem do Partido Comunista de Cuba. Durante os anos em que comandou o Parlamento, Alarcón teve papel importante na campanha da ilha pela libertação de cinco agentes da inteligência de Cuba que haviam sido condenados a longas penas de prisão nos EUA por espionagem.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.