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Novo motim em presídio no Equador deixa ao menos 43 mortos

Presidente decretou estado de exceção em três províncias devido à violência

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Santo Domingo (Equador) | AFP

Ao menos 43 presos morreram nesta segunda (9) em novo confronto entre facções criminosas no Equador. Desta vez, o incidente ocorreu na prisão de Bellavista, em Santo Domingo de los Tsachilas, a cerca de 80 km de Quito. Há pouco mais de um mês, conflito semelhante deixou 20 detentos mortos.

Segundo o ministro do Interior, Patricio Carrillo, o motim começou ainda na madrugada, quando membros da gangue conhecida como Los Lobos entraram em confronto com os de outra facção —a transferência do líder de um dos grupos é apontada como um motivo para o tumulto. A maioria das mortes, de acordo com a pasta, foi proveniente de esfaqueamentos ou perfurações com outros objetos cortantes.

Entrada da prisão de Bellavista, em Santo Domingo de los Tsachilas, no Equador
Entrada da prisão de Bellavista, em Santo Domingo de los Tsachilas, no Equador - Juan Carlos Perez - 9.mai.22/AFP

Ao perceber a agitação, a polícia atuou primeiro nos pavilhões comuns e depois realizou ações para controlar a área de segurança máxima. Cerca de 220 presos conseguiram fugir do presídio, mas, segundo o governo equatoriano, 112 já foram recapturados pelas forças de segurança.

Os feridos, muitos dos quais devido a espancamentos, foram transferidos em vans e ambulâncias para receber atendimento médico —parentes dos presos se aglomeraram ao redor da prisão atrás de notícias.

Depois de controlar a situação, as autoridades planejam realizar uma vistoria no prédio à procura de armas. Os líderes das gangues envolvidas deverão ser transferidos para uma prisão na província costeira de Guayas, no sudoeste do país, local que também registrou massacres recentes; lá, um motim em setembro deixou ao menos 116 mortos.

Confrontos em presídios têm se tornado frequentes no Equador, o que o governo atribui ao enfrentamento a quadrilhas ligadas ao tráfico de drogas. Desde o início de 2021, 350 detentos foram assassinados.

De acordo com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, o sistema carcerário no país é prejudicado pelo abandono do Estado e pela ausência de uma política abrangente, além de condições precárias para os presos. Hoje, segundo a agência de notícias Reuters, as prisões equatorianas abrigam 35 mil pessoas, cerca de 15% além da capacidade máxima.

Fora das penitenciárias, o clima também é de insegurança: nos primeiros quatro meses do ano, 1.255 mortes violentas foram registradas no país. Em todo o ano de 2021, foram cerca de 2.600.

No final de abril, o presidente Guillermo Lasso voltou a decretar estado de exceção, citando justamente a violência impulsionada pelo narcotráfico. Com a medida, as províncias de Guayas, Manabí e Esmeraldas terão maior policiamento e toque de recolher por 60 dias. Lasso disse que 4.000 agentes da polícia e outros 5.000 das Forças Armadas seriam distribuídos entre as três regiões para "impor a paz e a ordem".

Lasso já havia decretado estado de exceção em todo o país em outubro passado. À época, o equatoriano, um ex-banqueiro envolvido no caso Pandora Papers, chegou a ameaçar decretar o mecanismo conhecido como "morte cruzada", que permite que o presidente dissolva a Assembleia Constitucional.

Com ele, em sete dias a partir da publicação do decreto o Conselho Nacional Eleitoral deve convocar eleições para todos os cargos do Legislativo e para a Presidência. Até lá, Lasso governaria por decreto.

Nesta segunda, Lasso lamentou em um post no Twitter as mortes no presídio e enviou suas "mais profundas condolências às famílias e entes queridos daqueles que morreram". "Este é um resultado infeliz da violência das gangues", afirmou. O presidente equatoriano está em viagem diplomática a Israel.

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