Descrição de chapéu terrorismo África

Papa aprovou gasto de até 1 milhão de euros para libertar freira da Al-Qaeda

Declaração ocorre em meio a julgamento de Angelo Becciu; irmã Gloria Cecilia Narvaez foi sequestrada no Mali

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Cidade do Vaticano | Reuters

O papa Francisco aprovou gastos de até € 1 milhão (R$ 5,3 mi, na cotação atual) para libertar uma freira da Colômbia que foi mantida em cativeiro por mais de quatro anos por um grupo ligado à Al Qaeda no Mali, afirmou o cardeal Angelo Becciu a um tribunal do Vaticano nesta quinta-feira (5).

A missionária Gloria Cecilia Narvaez foi sequestrada pelo movimento jihadista malinês Frente de Libertação de Macina em fevereiro de 2017 e libertada em 2021. Becciu, que hoje se vê em meio a uma investigação da igreja, fez parte dos esforços do Vaticano para libertá-la.

O papa Francisco durante audiência no Vaticano - Remo Casilli - 24.abr.22/Reuters

​O cardeal disse que, após falar com uma empresa de risco e inteligência com sede em Londres, no Reino Unido, em 2018, informou a Francisco o custo da operação, que incluiria o estabelecimento de uma rede de contato e o eventual pagamento de resgate. "Ele aprovou; devo dizer que todas as fases da operação foram aprovadas pelo papa", disse.

Becciu está no centro de um julgamento por crimes financeiros que começou no ano passado. Ele é acusado de peculato, abuso de poder e indução de uma testemunha ao perjúrio. O cardeal, que foi vice-secretário de Estado da Santa Sé de 2011 a 2018, nega as acusações.

Ele informou que uma conta especial para a operação foi aberta na Secretaria de Estado e que a empresa de inteligência estabeleceu contato com os sequestradores, mas não confirmou se o resgate foi pago. O acordo teria sido mantido em segredo até mesmo do chefe da segurança do Vaticano, para evitar quaisquer possibilidades de a informação ser vazada e colocar em risco a vida da freira.

O caso envolve ainda Cecilia Marogna, 40, que trabalhou para Becciu e também foi acusada de peculato. A acusação afirma que ela recebeu cerca de € 575 mil da Secretaria de Estado entre 2018 e 2019 e que uma boa parcela teria sido usada para benefício pessoal.

O papa Francisco demitiu Becciu em 2020, acusando-o de nepotismo em favor de seus irmãos —o que o cardeal também nega. O pontífice também suspendeu o juramento de "segredo pontifício", mecanismo que impõe segredo a assuntos de particular gravidade, para que ele pudesse responder a perguntas relacionadas a Marogna e ao sequestro.

A freira colombiana Gloria Cecilia Narvaez, em Bogotá, fala com jornalistas após ser libertada - Luisa Gonzalez - 19.nov.21/Reuters

As acusações giram em torno da compra, pela Secretaria de Estado, de um prédio em uma área nobre de Londres avaliado em cerca de € 350 milhões. O negócio deu errado, e o Vaticano perdeu € 217 milhões. Durante a audiência desta quinta, o promotor Alessandro Diddi interrogou Becciu sobre aspectos do acordo, as relações institucionais do cardeal com outras autoridades e os bancos que teriam sido usados.

Becciu também negou os relatos de que manteve uma relação com Marogna, apelidada de "a dama do cardeal" pela imprensa italiana. Ele disse que seu relacionamento havia sido "distorcido, com insinuações ofensivas, de natureza infame, prejudicial à dignidade sacerdotal".

Ele teria pedido ajuda a Marogna após o sequestro da irmã Gloria Cecilia Narvaez. Enquanto era mantida em cativeiro, a freira foi por diversas vezes exibida em vídeos para pedir ajuda ao Vaticano. Quando foi finalmente libertada, ele teve um encontro com o papa Francisco.

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