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Pequim anuncia exercícios no mar do Sul da China e se diz 'caluniada' por EUA

Manobras previstas para sábado vêm na semana em que diplomacia chinesa tenta acordos de segurança no Pacífico

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Pequim | AFP

Pequim anunciou nesta sexta-feira (27) a realização de exercícios navais no mar do Sul da China, um dos focos de alta tensão com os Estados Unidos na chamada Guerra Fria 2.0. As manobras, informadas pela Administração de Segurança Marítima, estão programadas para acontecer neste sábado (28).

A região, estratégica para o comércio mundial, é formada por mais de 250 ilhotas, recifes, bancos de areia e pequenas massas de terra. Por ela, passam 80% do petróleo e do gás para a China.

Navio chinês (à esq.) e navio da Guarda Costeira das Filipinas durante patrulha marítima no mar do Sul da China - 2.mar.22/Guarda Costeira das Filipinas via AFP

O exercício ocorre na mesma semana em que o chanceler chinês, Wang Yi, visita oito nações insulares do Pacífico, região que se tornou prioridade para Pequim, com o objetivo de firmar acordos na área de segurança, e um dia após o regime de Xi Jinping voltar a trocar acusações com o governo de Joe Biden.

Na quinta (26), o secretário de Estado americano, Antony Blinken, acusou a China de tentar alterar a ordem geopolítica por meio de repressão doméstica e vigilância externa —especialmente no Pacífico.

O porta-voz da chancelaria chinesa, Wang Webin, disse que autoridades do país se sentiram caluniadas pelos EUA. "[O discurso] difunde informações falsas e interfere nos assuntos internos chineses, além de caluniar políticas domésticas e internacionais", disse. "O objetivo é bloquear o desenvolvimento da China."

Wang também acusou Washington de formar um "pequeno bloco" com outras nações regionais para conter a China —uma possível referência ao Quad, que se reuniu no começo desta semana em Tóquio— e novamente afirmou que territórios como Hong Kong, Taiwan, Xinjiang e Tibete, locais sobre os quais Pequim tem avançado, são todos assuntos internos chineses.

O porta-voz disse que a China se "opõe firmemente" ao discurso de Blinken e pediu que o governo americano não subestime o que descreveu como determinação chinesa em defender sua soberania.

Também nesta sexta, o mar do Sul da China esteve no cerne do discurso de Biden a graduados da Academia Naval, em Maryland. Ele, que há poucos dias voltou de sua primeira viagem à Ásia como presidente, disse que o Indo-Pacífico será a "vanguarda" da resposta americana a desastres humanitários.

O Indo-Pacífico é um conceito que passou a ser mais usado recentemente, especialmente por Washington e aliados, mas não é reconhecido por potências como China e Rússia. O termo designa a região entre a costa do oceano Pacífico e a do Índico, abrangendo Japão, Austrália e os próprios EUA, entre outros.

"Vocês garantirão o futuro do Indo-Pacífico, que é livre e aberto, garantirão a liberdade de navegação no mar do Sul da China e que as rotas marítimas permaneçam abertas e seguras", disse Biden. "Esses princípios de longa data são a base da estabilidade global."

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