Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Quantos morrem na Ucrânia? Entenda como se tenta contabilizar vítimas

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São Paulo

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Com 11 semanas, a Guerra da Ucrânia soma ao menos 3.573 vítimas civis, segundo levantamento mais recente da ONU. A própria organização, porém, admite que os números estão subestimados e podem incluir milhares de mortos mais.

Na edição de hoje, explicamos como a contabilidade de vítimas numa guerra é difícil, pode gerar controvérsias e ser usada como estratégia pelos países envolvidos no conflito.

Como contar vítimas? Em guerras em curso, o processo envolve coleta de dados em hospitais, centros de atenção de saúde e órgãos oficiais das partes envolvidas no conflito, explica a professora da Unip e pesquisadora da Rede de Pesquisa em Paz, Conflitos e Estudos Críticos em Segurança Kimberly Digolin.

  • Os números mais confiáveis geralmente são os divulgados por entidades internacionais e organizações não governamentais independentes.
  • A principal dificuldade no processo de coleta de dados é a falta de acesso seguro aos locais do conflito.

Na Ucrânia: a maioria das mortes de civis foi causada pelo uso de armas explosivas com ampla área de impacto, como mísseis e ataques aéreos, segundo a ONU.

Mortes na Guerra da Ucrânia
Gráfico ilustra o número de civis mortos na Guerra na Ucrânia por cada uma das onze semanas do conflito - Folhapress

O pico de mortes foi registrado na 9ª semana do conflito, de 22 a 28 de abril, e pode estar relacionado ao início da ofensiva russa pelo controle do Donbass, região do leste da Ucrânia.

O número real de vítimas, no entanto, é muito maior que o oficial, segundo a própria ONU. "Elas [as vítimas] são milhares a mais do que os números que damos atualmente", afirmou a chefe da Missão de Monitoramento de Direitos Humanos das Nações Unidas, Matilda Bogner.

Há outro dado que não entra na estatística das perdas em decorrência direta dos bombardeios: o de moradores que morrem por não conseguir acessar o sistema de saúde durante o conflito.

  • O braço europeu da Organização Mundial da Saúde relata haver uma "emergência sanitária" na Ucrânia;
  • Ao menos 3.000 pacientes crônicos faleceram no país desde fevereiro sem tratamento, segundo a ONU.

E os militares? Não entram nas estatísticas da ONU. Identificar as baixas nesse grupo seria até mais simples, explica o professor de História Contemporânea da UFRJ Francisco Carlos Teixeira da Silva.

  • "Militares são facilmente contabilizados, estão alistados, fazem parte de exércitos regulares. Quando deixam de estar combatendo, o Exército sabe imediatamente".


Sim, mas… Esses dados quase sempre são omitidos. É comum que as forças de lado a lado se recusem a divulgar suas perdas.

  • "Há um efeito psicológico negativo em um Exército ficar divulgando seu número de baixas. Isso impacta sua população e o moral da própria tropa", afirma o professor da UFRJ.
Parentes do do ucraniano Mikhailo Romaniuk, civil de 58 anos morto enquanto andava de bicicleta em Butcha, na Ucrânia - AFP

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Relembre números de vítimas em conflitos ainda em curso em diferentes partes do mundo:

Mianmar (desde 2021): mais de um ano depois que os militares tomaram o controle do país em um golpe de Estado, o conflito interno se mantém. Até fevereiro, estimavam-se mais de 1.500 mortes.

Iêmen (desde 2014): considerada pela ONU, em 2021, a maior crise humanitária do mundo, a guerra no país dura sete anos e matou mais de 300 mil pessoas.

Guerra da Síria (desde 2011): no conflito que começou com protestos e repressão e dura mais de dez anos, as estimativas de mortos variam. O Observatório Sírio de Direitos Humanos confirmou pelo menos 380 mil vítimas até 2021, mas calcula que o número pode ser ainda maior e chegar a quase 600 mil.

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