Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Rússia confirma uso na Ucrânia de nova arma a laser capaz de queimar drones

Vice-ministro russo afirma acreditar que tecnologia substituirá armas convencionais

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Londres | Reuters

A Rússia anunciou nesta quarta-feira (18) a utilização na Ucrânia de uma nova arma a laser, capaz de queimar drones usados pelas forças de Kiev. De acordo com o Kremlin, suas tropas têm recorrido a armamentos secretos para fazer frente aos equipamentos enviados pelo Ocidente ao país ora invadido.

Em conferência televisionada, Yuri Borisov, vice-premiê encarregado do desenvolvimento militar do país, disse que a arma pode inibir o funcionamento de sensores de satélites a até 1.500 km da Terra.

Pessoas caminham sobre escombros após ataque com mísseis em Odessa, na Ucrânia
Pessoas caminham sobre escombros após ataque com mísseis em Odessa, na Ucrânia - Igor Tkachenko - 16.mai.22/Reuters

Os detalhes do equipamento não foram revelados, mas em 2018, enquanto apresentava uma série de armas de nova geração, o presidente russo, Vladimir Putin, exibiu uma arma a laser chamada Peresvet, batizada em homenagem ao monge ortodoxo Alexander Peresvet, morto em combate no século 14.

Questionado se o dispositivo usado na guerra era o apresentado pelo líder russo, Borisov afirmou que já existem sistemas russos mais poderosos que o Peresvet e que eles são capazes de danificar drones e outros equipamentos. O utilizado do outro lado da fronteira, aponta o russo, chama-se Zadira.

Segundo ele, teste feito anteriormente mostrou que a nova arma é capaz de destruir um drone a 5 km de distância em cinco segundos. "Se o Peresvet cega [os sensores dos satélites], a nova geração de armas a laser leva à destruição física do alvo", disse à ocasião. "É uma destruição térmica, eles queimam [o alvo]."

Ainda em 2017, a mídia russa disse que a estatal nuclear da Rússia, a Rosatom, ajudou a desenvolver o Zadira, como parte de um programa para criar armas com base em novos princípios físicos.

Além de queimar drones, os novos equipamentos também têm impacto estratégico, porque os satélites são usados para monitorar mísseis balísticos intercontinentais que carregam armas nucleares. Esses equipamentos poderiam ser usados, por exemplo, em uma guerra de grande escala.

Borisov disse nesta quarta que havia voltado há pouco de Sarov, cidade na região russa de Nijni Novgorod que abriga um centro de pesquisas de armas nucleares do país. Com base no que viu no local, o russo disse acreditar que a nova geração de armas a laser pode substituir as armas convencionais.

O anúncio dos russos ocorreu num momento em que a indústria bélica mundial está aquecida, na esteira do aumento das tensões entre o Ocidente e a Rússia e a China. Moscou, inclusive, parece estar aproveitando o conflito no país vizinho como laboratório para seus equipamentos militares.

Em março, os russos dispararam um míssil balístico hipersônico e destruíram um grande depósito subterrâneo de armas no oeste da Ucrânia. Armas com capacidade para evitar a detecção por sistemas de defesa antimísseis, os mísseis Kinjal podem atingir alvos a distâncias de mais de 2.000 km.​

Os EUA, por sua vez, anunciaram na segunda (16) a realização de um teste bem-sucedido de uma arma hipersônica, que, de acordo com os americanos, voou a cinco vezes a velocidade do som.

A China também teria testado armas hipersônicas no ano passado, segundo autoridades militares dos EUA –o sistema de bombardeio orbital dá a Pequim mais opções para atingir alvos americanos. A chancelaria do país asiático, entretanto, negou em outubro que tenha realizado um ensaio dessas armas.

Até a Coreia do Norte, outra rival americana e apoiada por Moscou e Pequim, entrou na onda e anunciou em janeiro ter lançado um míssil do tipo. Não há confirmação independente da afirmação, mas ficou evidente que esse tipo de tecnologia virou prioridade no campo contrário a Washington.

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