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Alexei Labetski

Rússia foi forçada a impedir que neonazistas exterminem milhões de civis

Inimigo foi derrotado na Segunda Guerra Mundial, mas, como vemos, suas ideias sobreviveram

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Alexei Labetski

Embaixador da Rússia no Brasil

Nove de maio —este dia lindo de primavera no Hemisfério Norte não deixa nenhum coração russo indiferente. Mesmo que, desde o Dia da Vitória, no lendário maio de 1945, já tenha se passado muito tempo, a emoção, a excitação e o júbilo são fortes e revigorados como nunca antes.

Na Rússia, a luta dos povos da União Soviética pela liberdade e pela independência da pátria contra a Alemanha nazista e seus aliados, que durou quatro anos, de 1941 a 1945, é chamada de Grande Guerra Patriótica. Esse nome simbólico demonstra a ideia de combate pela paz, pela felicidade e pelo bem-estar dos povos soviéticos e das gerações futuras contra as forças do mal, que cometiam crimes desumanos em nome da superioridade racial e nacional.

Militares russos marcham na Praça Vermelha, em Moscou, durante desfile em homenagem ao Dia da Vitória
Militares russos marcham na Praça Vermelha, em Moscou, durante desfile em homenagem ao Dia da Vitória - Alexander Nemenov/AFP

Gostaria de apontar a circunstância que torna essa guerra extremamente pessoal para cada um de nós: a vitória foi conquistada a um preço terrível —em lutas desesperadas por cada centímetro da nossa terra natal, nas brutais batalhas pela libertação da Europa dos ocupantes nazistas, pereceram mais de 27 milhões de cidadãos soviéticos.

A dor de perdas irreparáveis, o medo pela vida dos queridos e os anos de transtorno tocaram cada família —não é um exagero, pelo contrário, é a parte integrante da história pessoal de cada um, profundamente enraizada na consciência do povo. A vitória de maio de 1945 criou a impressão de que o mundo salvo, que ainda ontem esteve à beira de uma catástrofe global, sempre renunciaria à crueldade.

Os vencedores da Segunda Guerra ergueram um edifício sólido nas Nações Unidas —o fórum mundial destinado a promover o diálogo e a evitar o surgimento de novos conflitos, de genocídios e do Holocausto.

Os criminosos nazistas foram levados a um julgamento justo durante o Tribunal Militar Internacional na cidade de Nuremberg. A justiça pelas atrocidades era inevitável, porque os crimes dos fascistas e seus cúmplices não tinham prescrição.

O inimigo foi derrotado, mas, como vemos, suas ideias sobreviveram. O fascismo, nutrido pelos antigos aliados da União Soviética na Segunda Guerra, começou a levantar a cabeça nas fronteiras da nova Rússia: nas ruas e nas praças das capitais dos países bálticos e de cidades ucranianas foram realizadas marchas em homenagem aos veteranos das divisões nacionais da Waffen-SS –"esquadrões da morte" das Forças Armadas do Terceiro Reich.

As autoridades ucranianas glorificam Bandera e Shukhevich, os adeptos do nazismo que mataram milhares de russos, ucranianos, polacos e judeus durante a guerra. Hoje em dia, alguns membros da comunidade internacional não só se recusam a apoiar as iniciativas da Rússia contra a distorção da verdade histórica como também contribuem para o fortalecimento dos movimentos neonazistas.

Um povo que viveu uma terrível convulsão, tendo visto em primeira mão a morte, a fome e o desespero que a guerra traz consigo, é o menos disposto a se envolver em novos combates.

Mas hoje estamos sendo mais uma vez forçados a lutar para impedir que grupos neonazistas exterminem milhões de civis, para proteger a nossa pátria, para garantir sua segurança e para combater a nova onda de fascismo que revive a russofobia e os sonhos de domínio mundial em detrimento do direito à autodeterminação e à indivisibilidade de segurança.

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