Unidade da UE em torno das sanções contra Rússia 'começa a ruir', diz ministro alemão

Fala de Robert Habeck ocorre na véspera de encontro para discutir embargo ao petróleo russo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Berlim e Kiev | Reuters e AFP

Na véspera de uma reunião para discutir um embargo ao petróleo russo e planos para acabar com a dependência da energia fornecida por Moscou, o ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, expressou neste domingo (29) temor de que a unidade da União Europeia (UE) esteja "começando a ruir".

Líderes do bloco europeu vão se encontrar nesta segunda e terça-feira para debater uma nova leva de sanções contra o país liderado por Vladimir Putin, o que pode incluir, além do já citado embargo ao petróleo, um programa para acelerar o fim da dependência de combustíveis fósseis, como o gás russo.

O ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, em Berlim
O ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, em Berlim - Lisi Niesner - 27.abr.22/Reuters

"Após o ataque da Rússia contra a Ucrânia, vimos o que pode acontecer quando a Europa permanece unida. Diante do encontro de amanhã, esperamos que continue assim. Mas já está começando a ruir e a ruir de novo", afirmou Habeck em uma entrevista coletiva. Na sexta, países europeus sofreram para chegar a uma proposta que impõe embargo às entregas marítimas de petróleo russo, mas permite a entrega por meio de oleoduto, uma maneira de agradar a Hungria e, assim, desbloquear as novas punições a Moscou.

O sexto pacote de punições ao Kremlin propõe ainda a retirada do maior banco da Rússia, o Sberbank, do sistema Swift, o banimento de emissoras russas da UE e a inclusão de mais pessoas na lista de indivíduos cujos ativos estão congelados e que estão proibidos de entrar em países do bloco europeu.

Até agora, o movimento vem sendo contido pela Hungria de Viktor Orbán, aliado de Putin. Ele argumenta que um embargo seria um golpe na economia de seu país, porque Budapeste não pode obter petróleo facilmente de outras fontes. Eslováquia e República Tcheca expressaram preocupações semelhantes.

As negociações estão em andamento há um mês, e os líderes do bloco tentavam chegar a um acordo antes do início da cúpula, evitando assim parecer que a UE está desunida na resposta a Moscou.

Antes, na quarta-feira (25), a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, já havia dado outro indicativo de que o Ocidente está cansado da Guerra na Ucrânia. "Chegamos a um momento de fadiga", afirmou ela em uma reunião do Conselho do Mar Báltico em Kristiansand, na Noruega.

Habeck, o chefe da Economia, pediu que a Alemanha se posicione com unidade no encontro desta segunda em vez de se abster de votar devido a diferenças de opinião dentro da coalizão que sustenta o governo do país. Da mesma forma, o ministro cobrou unidade de outros membros da União Europeia.

"A Europa ainda é uma zona econômica enorme com incrível poder econômico. E quando fica unida, pode usar esse poder", acrescentou Habeck na abertura da feira de negócios alemã Hannover Messe.​

Enquanto as autoridades europeias discutem, bombardeios russos destruíram importantes infraestruturas de Sievierodonetsk, a maior cidade que Kiev ainda controla na região de Lugansk, no Donbass, e o "principal objetivo" de Moscou no momento, afirmou o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski. "Mais de dois terços da parte habitacional da cidade está destruída", disse ele em pronunciamento exibido na TV.

O bombardeio foi tão intenso que não foi possível avaliar o número de vítimas e danos, disse o governador de Lugansk, Serhi Gaidai. A batalha por Sievierodonetsk está no centro das atenções, já que a Rússia obtém ganhos lentos mas sólidos no Donbass, região na qual Moscou quer consolidar o seu domínio —grande parte já era controlada por separatistas— após falhar em tomar a capital na fase inicial da guerra.

Também neste domingo, em sua primeira viagem oficial para fora da região de Kiev desde o início da invasão russa, em fevereiro, Zelenski visitou tropas na região de Kharkiv, no leste, divulgou o gabinete da Presidência ucraniana. "Vocês arriscam suas vidas por todos nós e por nosso país", disse o presidente a soldados, de acordo com o site do governo. Ele também teria distribuído presentes aos militares.

Horas depois da visita, explosões foram ouvidas, e uma grande nuvem de fumaça podia ser vista subindo a nordeste do centro da cidade, que, nos últimos dias, voltou a ser alvo após semanas de relativa calma.

Segundo o chefe de gabinete de Zelenski, 31% dos territórios que compõem a região de Kharkiv estão hoje ocupados pela Rússia e outros 5% foram retomados pela Ucrânia.

Se de um lado Zelenski agradeceu as tropas, de outro anunciou a destituição do chefe do serviço de segurança de Járkov por "não trabalhar na defesa da cidade". "Eu o demiti porque ele não trabalhou desde o primeiro dia desta guerra, pensando somente em si mesmo."

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.