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Vazamento indica que China propôs acordo de segurança e livre comércio a nações do Pacífico

Chanceler chinês visita nações insulares projetando cooperação semelhante à estabelecida com Ilhas Salomão em abril

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São Paulo

O chanceler da China, Wang Yi, iniciou nesta semana uma viagem de dez dias no Pacífico, com o rascunho de um acordo em mãos para estreitar laços econômicos e de segurança com oito nações. A ideia é lançar as bases para uma área de livre comércio na região, que ganhou prioridade na diplomacia chinesa.

O jornal The Guardian teve acesso ao documento e a um plano estratégico de cinco anos que Wang deve apresentar a seus homólogos e detalhou o conteúdo em reportagem publicada nesta quinta (26). O ministro visitará as Ilhas Salomão, Fiji, Kiribati, Samoa, Tonga, Vanuatu, Papua-Nova Guiné e Timor Leste.

O chanceler da China, Wang Yi, ao lado do premiê das Ilhas Salomão, Manasseh Sogavare, na capital Honiara - 26.mai.22/Xinhua

O principal enfoque do pacto está na área de segurança. O documento propõe expandir a cooperação China-Pacífico na área policial e no combate ao crime transnacional. Também sugere que Pequim treine agentes dessas nações, além de ajudar no aprimoramento de técnicas como autópsia forense.

Parcerias nas áreas de cibersegurança, governança de dados, infraestrutura, mineração, energia e pesca também são mencionadas. O pacto sugere ainda a criação de uma área de livre comércio com as nações.

Há, também, o compromisso de Pequim de fornecer US$ 2 milhões (R$ 9,5 mi) adicionais a esses países para ajudar no combate à Covid e às consequências da pandemia, além do envio de 200 médicos chineses nos próximos cinco anos. Cerca de 2.500 bolsas de estudo também seriam ofertadas pelo regime.

Em partes, a ambição chinesa que será apresentada na viagem do chanceler se assemelha ao que Pequim já fez com as Ilhas Salomão, país na região do Pacífico Sul, próximo à Austrália e à Nova Zelândia. Os dois governos firmaram um acordo em meados de abril que, na prática, terceiriza a segurança no arquipélago e coloca as forças de segurança dos comunistas à disposição do governo local.

O porta-voz da chancelaria chinesa, Wang Wenbi, sinalizou nesta quinta que a parceria com os salomônicos é só o primeiro passo que Pequim anseia dar. "Queremos tornar essa relação bilateral um belo exemplo de confiança política mútua e um marco para a cooperação entre China e nações do Pacífico Sul."

Ele afirmou, ainda, que a ampliação da parceria com os países insulares da região configura uma "diretriz estratégica de longo prazo da diplomacia chinesa". Wenbi aproveitou a ocasião para fazer críticas à Otan, a aliança militar ocidental —hoje no centro do conflito entre Ucrânia e Rússia—, afirmando que o grupo liderado pelos Estados Unidos tem entrado repetidamente na região Ásia-Pacífico.

"A Otan tem transgredido regiões e clamado por uma nova Guerra Fria; isso é motivo suficiente para que haja alta vigilância e firme oposição da comunidade internacional", seguiu o porta-voz.

O objetivo chinês na região, porém, está longe de ser consenso. David Panuelo, presidente dos Estados Federados da Micronésia, conjunto de mais de 600 ilhas independente desde 1979 e localizado a leste do arquipélago das Filipinas, disse que seu país pedirá que o acordo seja rejeitado.

Panuelo afirmou que essa é a única opção condizente com o desejo de impedir que uma nova Guerra Fria seja desencadeada entre China e Ocidente. "No caso de uma invasão chinesa de Taiwan, que seria equivalente a uma guerra entre China e EUA, a região corre o risco de ficar presa no fogo cruzado."

O chanceler chinês não é o único que tenta ampliar a influência na região. A nova ministra das Relações Exteriores da Austrália, Penny Wong, disse em mensagem ao Fórum das Ilhas do Pacífico que o novo governo trabalhista —eleito no último fim de semana— aumentará o financiamento de combate à mudança climática na região e oferecerá postos de trabalho para imigrantes das nações vizinhas.

"O desafio triplo do clima, da Covid e da competição econômica demanda novas estratégias, e entendemos que a segurança de qualquer membro da família do Pacífico depende da segurança de todos."

Com Reuters

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