Veja trechos de rascunho vazado da Suprema Corte sobre direito ao aborto nos EUA

Documento de 98 páginas foi elaborado pelo juiz conservador Samuel Alito

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Belo Horizonte | The New York Times

O documento vazado que indica que a Suprema Corte mudará seu entendimento sobre o aborto tem 98 páginas, um terço das quais um apêndice de leis estaduais para criminalizar a prática nos últimos anos.

Abaixo estão os principais trechos expostos pela minuta do juiz conservador Samuel Alito.

Ativistas antiaborto protestam em frente ao prédio da Suprema Corte dos EUA, em Washington
Ativistas antiaborto protestam em frente ao prédio da Suprema Corte dos EUA, em Washington - Anna Moneymaker - 3.mai.22/Getty Images/AFP

A decisão Roe vs. Wade, de 1973, que garantiu o direito ao aborto no país, teria atrapalhado o debate político sobre a questão nos EUA

"Na época da decisão, 30 estados ainda proibiam o aborto em todas as fases. Nos anos anteriores a essa decisão, cerca de um terço dos estados havia flexibilizado suas leis, mas a Roe encerrou abruptamente esse processo político. Ela impôs o mesmo regime altamente restritivo a toda a nação e efetivamente derrubou as leis de aborto de todos os estados."

A decisão seria inconstitucional

"Acreditamos que Roe e Casey [decisão que referendou Roe] devem ser anuladas. A Constituição não faz referência ao aborto, e tal direito não é implicitamente protegido por qualquer disposição constitucional."

Roe e Casey teriam inflamado o debate público sobre o tema

"[A decisão] Roe estava flagrantemente errada desde o início. Sua argumentação foi excepcionalmente fraca, e a decisão teve consequências danosas. E, longe de trazer um acordo nacional para a questão do aborto, Roe e Casey inflamaram o debate e aprofundaram a divisão [da sociedade]. É hora de prestar atenção à Constituição e devolver a questão do aborto aos representantes eleitos do povo."

O aborto não estaria enraizado na história e nos valores do país

"A conclusão inevitável é que o direito ao aborto não está profundamente enraizado na história e nas tradições da nação. Pelo contrário, uma tradição ininterrupta de proibir o aborto sob pena de punição criminal persistiu desde os primeiros dias do direito comum até 1973."

A decisão, porém, não impediria que legisladores aprovassem leis que legalizassem a prática

"A compreensão histórica de nossa nação sobre a liberdade ordenada não impede que os representantes eleitos do povo decidam como o aborto deve ser regulamentado."

O j​uiz refuta a ideia de que as mulheres não teriam 'poder político'

"Nossa decisão devolve a questão aos órgãos legislativos e permite que mulheres de ambos os lados, no que diz respeito ao aborto, procurem afetar o processo legislativo, influenciando a opinião pública, pressionando legisladores, votando e concorrendo a cargos. As mulheres não estão sem poder eleitoral ou político."

Com The New York Times

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.