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Xangai diz que chegou a 'Covid zero', mas milhões permanecem confinados

Moradores tecem críticas nas redes sociais; China confirma primeiro caso da subvariante BA.2.12.1, mais transmissível

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Pequim | Reuters e AFP

Xangai, polo financeiro da China que está sob rígido lockdown há mais de seis semanas, afirmou nesta terça (17) ter alcançado a meta de "Covid zero" —estratégia de Pequim que visa a eliminar por completo a disseminação do coronavírus e alvo de questionamentos de autoridades mundiais de saúde.

O anúncio veio após a cidade de 25 milhões de habitantes não registrar, por três dias consecutivos, novos casos sintomáticos da doença fora das áreas delimitadas para quarentena. "Os 16 distritos de Xangai já alcançaram 'Covid zero'", disse o vice-diretor da Comissão de Saúde, Zhao Dandan, em entrevista coletiva.

Moradores de Xangai, na China, perto de barreiras colocadas pela polícia em áreas de confinamento para conter a disseminação do coronavírus - Aly Song - 17.mai.22/Reuters

A cifra de novos casos caiu pelo quarto dia consecutivo —dados oficiais mostram 823 infecções nas últimas 24 horas, 12,3% a menos que no dia anterior—, e o número total de mortos chegou a 576 —menos de 0,1% dos 621 mil moradores já infectados pelo vírus—, segundo o jornal South China Morning Post.

Ao longo dos últimos dias, autoridades locais prometeram até 1º de junho o retorno ao que chamaram de vida normal pré-Covid. Naquele que foi o calendário de reabertura mais claro até o momento, Zong Ming, o vice-prefeito de Xangai, informou que a cidade começou a reabrir supermercados e farmácias nesta semana, mas que as restrições de movimento nas ruas devem permanecer até pelo menos o dia 21.

Depois dessa data, os serviços de transporte público e os voos domésticos serão retomados gradualmente, mas a população ainda terá de apresentar um teste de detecção da Covid com resultado negativo realizado até 48 horas antes do embarque para usar o transporte.

Os anúncios da meta e do calendário de reabertura foram recebidos com ceticismo pelos moradores, que acumularam críticas ao longo das semanas de lockdown. Relatos dão conta de falta de abastecimento de comida, desrespeito à privacidade e condições precárias nos centros de tratamento de doentes.

"Estamos trancados em casa há dois meses; essa história [de Covid zero] é só para pessoas que não são de Xangai", escreveu um usuário em uma rede social. O comentário foi posteriormente deletado.

Segundo a prefeitura, 3,8 milhões de habitantes permanecem sob uma forma severa de confinamento, como a proibição de sair de sua área residencial. O dado, porém, foi questionado por muitas pessoas, que dizem acreditar que número real seja muito maior. "Se a sociedade alcançou um nível de 'Covid zero', por que moradores do distrito de Songjiang só podem sair de casa a cada dois dias?", escreveu uma usuária na rede social Weibo. Outra pessoa questionou se esta não é uma "Xangai de um universo paralelo".

Números divulgados nesta semana mostram o tamanho do impacto gerado na economia chinesa pelo lockdown em Xangai e por restrições pontuais em outras grandes cidades. Pequim, por exemplo, assistiu à queda de 16% nas vendas do varejo em abril. Já a venda de imóveis despencou 26%.

A capital, que concentra 22 milhões de habitantes, vê o regime endurecer as restrições, com moradores temendo um confinamento como o de Xangai. Em Pequim, os serviços de alimentação estão proibidos, com shoppings e empresas fechados, o transporte público foi reduzido e moradores foram aconselhados a trabalhar de casa. Residentes do distrito de Fengtai foram proibidos de deixar seus bairros nesta terça.

O saldo diário mais recente de novos casos foi de 52, e campanhas de testes são realizadas diariamente.

A pressão sobre o regime liderado por Xi Jinping deve crescer com o anúncio, feito nesta segunda (16), de que o primeiro caso da subvariante BA.2.12.1 da cepa ômicron, mais transmissível, foi identificado no país asiático. A informação foi confirmada pelo CCDC (Centro Chinês para o Controle e Prevenção de Doenças).

De acordo com as informações disponíveis, trata-se de um chinês de 27 anos que desembarcou na província de Guangdong, em 23 de abril, vindo de Nairóbi, no Quênia. Assim como os demais passageiros, ele foi transferido para um hotel para realizar a quarentena de duas semanas. Após a confirmação de que ele estava com Covid, testes mostraram, no último dia 30, tratar-se de infecção pela variante BA.2.12.1.

"Em comparação com outras subvariantes da ômicron, esta mostra um escape imune maior, mesmo depois de as pessoas terem sido vacinadas com a dose de reforço", disse o CCDC no comunicado. Cerca de 53% da população chinesa recebeu a dose de reforço do imunizante.

Ma Xiaowei, diretor da Comissão Nacional de Saúde da China, afirmou que mais cabines de testagem seriam construídas, para que moradores possam acessá-las em caminhadas de 15 minutos em todas as capitais de províncias e cidades com mais de 10 milhões de habitantes. Ao todo, na segunda, a China relatou 1.227 novos casos da doença, entre sintomáticos e assintomáticos. A cifra é a menor desde 19 de fevereiro, mostram dados do CCDC. Quatro novas mortes em decorrência da Covid foram registrados.

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