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Coalizão de Macron e bloco de esquerda empatam em eleições legislativas na França

Presidente pode não ter maioria absoluta após bloco de Mélenchon demonstrar força no pleito

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Paris | AFP

No primeiro turno das eleições legislativas da França, que aconteceram neste domingo (12), a aliança centrista do presidente Emmanuel Macron, que não tem maioria parlamentar garantida, e a frente de esquerda criada para se opor ao mandatário empataram e conquistaram cerca de 25% dos votos cada, segundo pesquisas de boca de urna.

Essas eleições são cruciais para Macron, reeleito por mais cinco anos em 24 de abril, que precisa de maioria absoluta para poder aplicar sem dificuldades suas política de linha liberal, como alterar a idade de aposentadoria de 62 para 65 anos, por exemplo.

O presidente da França, Emmanuel Macron, cumprimenta eleitores após votar em eleição parlamentar - Ludovic Marin/Reuters

Mas, pela primeira vez em 25 anos, os principais partidos de esquerda —ecologistas, comunistas, socialistas e França Insubmissa (esquerda radical)— decidiram concorrer em uma frente unida, liderada por Jean-Luc Mélenchon, candidato que ficou em terceiro lugar na última eleição presidencial.

A aliança Juntos, de Macron, teve entre 25% e 25,8% dos votos, enquanto o bloco de esquerda Nupes (Nova União Popular Ecológica e Social) alcançou entre 25% e 26,2%, de acordo com institutos de pesquisa após o fechamento das urnas. A abstenção ficou em pouco mais da metade dos eleitores, apontam estimativas.

O sistema eleitoral francês dificulta as projeções de resultados. Os eleitores devem escolher um deputado de sua circunscrição —são 577 cadeiras no total— em uma eleição de dois turnos. Pelas regras, para vencer no primeiro turno, um candidato precisa ter mais da metade dos votos válidos e ao menos 25% do total do eleitorado, algo difícil de acontecer —em 2017, somente quatro deputados ganharam na primeira rodada. Quando não há vencedor, o segundo turno é realizado entre aqueles que tenham recebido ao menos 12,5% dos votos do total do eleitorado.

O segundo turno acontecerá em 19 de junho, e as forças que apoiam o presidente podem ganhar entre 260 e 310 cadeiras, seguidas pelo Nupes, com 150 a 220, apontam os institutos de pesquisa. Isso significa que Macron pode não conseguir maioria absoluta, de 289 deputados. Para efeitos de comparação, em 2017, a aliança liderada pelo partido do presidente abocanhou 350 assentos.

Mélenchon, um político veterano de 70 anos que por pouco não chegou ao segundo turno da eleição presidencial em abril, com quase 22% dos votos, busca a revanche no que considera um "terceiro turno" presidencial, com o objetivo de impedir Macron de aplicar seu projeto liberal.

Para a esquerda, o presidente foi reeleito em abril não por seu programa, mas porque os franceses votaram nele para impedir que sua rival de ultradireita Marine Le Pen chegasse ao poder.

Diante do avanço da Nupes e da possibilidade de perder a maioria absoluta, o presidente francês, de 44 anos, entrou na campanha na reta final para pedir uma "maioria forte e clara" diante dos "extremos".

Após o segundo turno de 19 de junho, o país saberá se Macron recebeu a confiança total dos franceses com mais de 289 deputados, se ele será obrigado a negociar com uma maioria relativa ou se terá que governar em "coabitação", com presidente e Parlamento andando para direções opostas.

No último cenário, "ele não estabeleceria mais a política da nação, e sim a maioria da Assembleia e o primeiro-ministro que sair desta", afirma Dominique Rousseau, professor de Direito Constitucional na Universidade Panthéon-Sorbonne.

A França já teve governos com um Parlamento e um presidente de tendências políticas diferentes. A última coabitação ocorreu de 1997 a 2002, quando o presidente conservador Jacques Chirac nomeou o socialista Lionel Jospin como primeiro-ministro.

Como Jospin, que liderou a aliança Esquerda Plural nas legislativas de 1997, Mélenchon espera se tornar o chefe de Governo. Mas a ideia de ver no poder o "Chávez francês", nas palavras do atual ministro da Economia, preocupa o partido governista.

Ao contrário da eleição presidencial, a ultradireita, dividida, não chegou para as legislativas em posição de força, além de seus redutos no norte e sudeste do país. De acordo com as pesquisas, o partido de Le Pen pode conquistar entre 10 e 45 cadeiras no pleito que ocorreu neste domingo, atrás dos Republicanos, a direita tradicional, com entre 33 e 80 deputados. O partido de ultradireita Reconquista, de Éric Zemmour, pode entrar no Parlamento com até 3 deputados.

Embora o poder aquisitivo, em um contexto de alta de preços devido à guerra na Ucrânia, apareça como a principal preocupação, a campanha foi marcada por diversas polêmicas sobre a atuação da polícia, como a da final da Liga dos Campeões no Stade de France.

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