Ghislaine Maxwell foi sentenciada nesta terça-feira (28) a 20 anos de prisão por uma juíza federal americana por ter ajudado o financista Jeffrey Epstein a abusar sexualmente de menores, no que a magistrada chamou de "esquema horrível" que provocou mal "incalculável" às vítimas.
A socialite britânica de 60 anos foi condenada em dezembro por cinco acusações, por recrutar e aliciar quatro meninas para terem encontros sexuais com Epstein, então seu namorado, entre 1994 e 2004.
Durante a audiência em um tribunal de Manhattan antes de saber a sentença, Maxwell chamou Epstein de "manipulador, astuto e controlador" que enganou todos à sua volta. Ela disse que lamentava pela dor que suas vítimas experimentaram. "É o maior arrependimento da minha vida ter conhecido Jeffrey Epstein."
A condenação da filha do magnata britânico da imprensa Robert Maxwell é inferior à pena de 30 a 55 anos pedida pela promotoria, contudo. O julgamento, que teve duração de um mês, no final de 2021, foi visto como o acerto de contas que Epstein —que se matou em uma cela de Manhattan, em 2019, aos 66 anos, enquanto aguardava seu próprio julgamento por tráfico sexual— nunca teve.
Ao anunciar a pena, a juíza Alison Nathan disse que Maxwell não parecia expressar remorso ou aceitar responsabilidade. "Maxwell direta e repetidamente e ao longo de muitos anos participou de um esquema horrível para atrair, transportar e traficar meninas menores de idade, algumas de até 14 anos, para abuso sexual por e com Jeffrey Epstein", disse ela. "O dano causado a essas jovens foi incalculável."
Bobbi Sternheim, advogada de Maxwell, afirmou que sua cliente vai recorrer, argumentando que o escrutínio público do caso antes do julgamento "deixou pouco espaço para ela ser tratada de forma justa".
"Todos sabemos que a pessoa que deveria ter sido sentenciada hoje escapou da responsabilidade, evitou suas vítimas, evitou receber a punição que merecia", disse Sternheim a repórteres, referindo-se a Epstein.
Este foi um dos casos de maior repercussão na esteira do movimento #MeToo, que encorajou as mulheres a falarem sobre abuso sexual, cometidos muitas vezes por pessoas ricas e poderosas.
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