Acúmulo de malas em aeroporto de Londres expõe crise no setor aéreo britânico

Heathrow pede cancelamento de voos para aliviar sobrecarga, e companhias reduzem programação para verão europeu

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Londres | Reuters

Com escassez de funcionários e em meio a uma crise do setor aéreo no Reino Unido, o aeroporto de Heathrow, em Londres, um dos mais movimentados do país, solicitou às companhias aéreas que cancelem 10% dos voos previstos para esta segunda-feira (20).

O pedido foi desencadeado após uma falha técnica no sistema de bagagem do aeroporto que causou o acúmulo de malas no local ao longo do final de semana. A cena foi de filas intermináveis de bagagens e confusão entre os passageiros na hora de encontrar objetos pessoais.

Trabalhadores do aeroporto ao lado de bagagens de passageiros dispostas do lado de fora do terminal 2 do aeroporto de Heathrow, em Londres
Trabalhadores do aeroporto ao lado de bagagens de passageiros dispostas do lado de fora do terminal 2 do aeroporto de Heathrow, em Londres - Henry Nicholls/Reuters

Irritados, passageiros contaram nas redes sociais a espera de até duas horas para entrega de bagagens ou viagens sem levar as malas. À Sky News um porta-voz do Heathrow pediu desculpas aos clientes e justificou que o pedido de redução no número de voos "permitirá minimizar o impacto contínuo" do problema no sistema.

Cerca de 30 voos com até 5.000 passageiros foram cancelados no total, informou a rede britânica BBC. Companhias aéreas têm dito que o crescimento exponencial da demanda no setor, em especial após as comemorações do Jubileu de Platina da rainha Elizabeth 2ª, expôs a escassez de mão de obra, e que agora tentam solucionar o problema. Funcionários, por sua vez, dizem que esta é uma oportunidade-chave para refletir sobre a crise trabalhista no setor de viagens.

O episódio não foi pontual. Ainda nesta segunda, a companhia aérea de baixo custo EasyJet anunciou corte de milhares de voos no verão europeu devido à escassez de funcionários nos aeroportos de Gatwick, em Londres, e de Schiphol, em Amsterdã, onde está concentrada.

A empresa disse que espera utilizar cerca de 90% de sua capacidade pré-pandemia nos meses de julho, agosto e setembro, abaixo dos 97% programados inicialmente. Afirmou ainda que o principal motivo foi o atraso na contratação de funcionários, principalmente devido à demora para que eles obtenham uma autorização para desempenhar funções consideradas sensíveis, como triagem de bagagens.

O aeroporto de Gatwick, no qual a EasyJet é a maior companhia aérea, disse na sexta-feira (17) que limitará voos devido à escassez de mão de obra. O Schiphol também impôs um teto, levando a um corte de 16% nos voos planejados durante a alta temporada.

O diretor-executivo da EasyJet, Johan Lundgren, disse que reduzir o cronograma minimiza os cancelamentos de última hora, que têm um impacto maior sobre os clientes. "É necessário ter mais resiliência na programação deste verão, cancelando voos proativamente, fornecendo aos clientes aviso prévio e opções de remarcação."

A crise no setor do transporte no país tende apenas a escalar nesta semana, já que o Reino Unido espera nesta segunda a maior greve ferroviária em 30 anos, com trens cancelados em todo o país.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.