Incêndio em prisão da Colômbia deixa ao menos 51 mortos e 24 feridos

País inicia investigação, e autoridades suspeitam que chamas começaram em meio a motim dos detentos

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Bogotá | Reuters e AFP

Ao menos 51 pessoas morreram em um incêndio numa prisão de Tuluá, no sudoeste da Colômbia, iniciado durante uma rebelião nesta terça (28), informou o diretor do Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário.

"É um evento trágico e desastroso", disse o general Tito Castellanos. "Aparentemente, houve um motim, e incendiaram colchões." Das vítimas, 49 morreram na prisão, e as outras faleceram a caminho do hospital.

Familiares de presos aguardam do lado de foram da prisão em Tuluá por informações - Edwin Rodriguez Pipicano - 28.jun.22/Reuters

O presídio abriga 1.267 detentos —17% a mais que a capacidade do local—, e o bloco no qual o incêndio ocorreu comporta 180 deles. Cerca de 24 pessoas recebem tratamento, e as chamas já foram controladas.

O general Castellanos informou que o centro de detenção, com infraestrutura de mais de 60 anos, não possuía sistema anti-incêndio —a maioria das vítimas morreu devido à inalação da fumaça. Familiares se aglomeraram na frente do presídio em busca de informações sobre mortos e feridos.

Mais tarde, o ministro da Justiça, Wilson Ruiz, afirmou que o episódio foi desencadeado por uma briga em que um dos presos ateou fogo em um colchonete. Familiares dos detentos, porém, contestam a versão.

Lorena, esposa de um dos presidiários, disse ao jornal colombiano El ​Tiempo que o marido, com quem falou durante a madrugada, afirmou que agentes estavam jogando gás no local. "Não vejo lógica na versão de que eles, que estavam ali trancados, iriam atear foto sabendo que poderiam se queimar."

Assim como em muitos outros países da América Latina, as prisões na Colômbia estão superlotadas. As instituições têm capacidade para 81 mil detentos no país, mas atualmente abrigam cerca de 97 mil.

O presidente Iván Duque, que está em Portugal, disse ter dado instruções para que sejam iniciadas investigações sobre o episódio. Já o recém-eleito Gustavo Petro manifestou solidariedade aos familiares dos mortos e pediu que o país repense a política carcerária atual para levar em conta a dignidade dos presos. "O Estado colombiano encara a prisão como um espaço de vingança, não de reabilitação."

Ele lembrou a morte de 23 pessoas, em 2020, na prisão La Modelo, em Bogotá, uma das maiores do país, durante um motim. Autoridades disseram que detentos tentavam fugir quando teve início a violência.

O vizinho Equador também tem assistido a uma série de episódios violentos em presídios. Em setembro passado, uma rebelião em uma prisão em Guayaquil deixou ao menos 116 mortos e mais de 80 feridos. Em maio, outra rebelião deixou 43 mortos na prisão de Bellavista, em Santo Domingo de los Tsachilas.

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