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Investigação da ONU aponta que jornalista da Al Jazeera foi morta por forças de Israel

Comissariado de Direitos Humanos cobra investigação criminal sobre morte de repórter palestino-americana

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Genebra | AFP

A ONU afirmou nesta sexta (24), após realizar investigação independente sobre o caso, que o tiro que matou a repórter palestino-americana Shireen Abu Akleh na Cisjordânia foi disparado por forças de Israel.

"Todas as informações que obtivemos, incluindo as do Exército israelense e as da Procuradoria-Geral palestina, corroboram que os tiros vieram das forças de segurança israelenses, não de palestinos armados", disse Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado para Direitos Humanos.

Foto da repórter Shireen Abu Akleh ao lado de bandeira palestina na frente da embaixada de Israel em Atenas, durante protesto - Louisa Gouliamaki - 16.mai.22/AFP

Ela disse, ainda, ser "profundamente perturbador" que autoridades de Israel não tenham conduzido uma investigação criminal sobre o episódio. "Não encontramos nenhuma informação sugerindo que houve atividade de palestinos armados nas imediações dos jornalistas."

Abu Akleh era repórter do canal de notícias Al Jazeera e acompanhava em maio uma operação na cidade de Jenin quando foi morta, mesmo identificada como profissional de imprensa por meio de um colete. Ela tinha 51 anos. A operação ocorreu em meio a episódios de violência entre israelenses e palestinos.

A declaração da ONU vai ao encontro da investigação divulgada na última segunda (20) pelo jornal americano The New York Times, segundo a qual a bala que matou a jornalista partiu de um local próximo a um comboio de Israel e foi disparada, provavelmente, por um soldado de uma unidade de elite do país.

Poucas semanas após a morte da repórter, o Exército de Israel, que disse investigar o ocorrido, afirmou que, caso um soldado do país tenha feito o disparo que a matou, isso não implicaria, necessariamente, em conduta criminosa. "Como Abu Akleh foi assassinada em meio a uma zona de combate, não deve haver suspeita imediata de atividade criminosa na ausência de mais provas", dizia uma nota que contava com comentários da advogada militar Yifat Tomer-Yerushalmi.

O país também tem sido crítico a todas as declarações da ONU que questionam a forma como são desenvolvidas as relações com a Autoridade Nacional Palestina. No início deste mês, um relatório encomendado pelo Conselho de Direitos Humanos atribuiu à ocupação contínua de territórios palestinos por Israel a responsabilidade pelo ciclo de violência que atinge a região e que voltou a se intensificar.

A porta-voz do Alto Comissariado de Direitos Humanos disse ainda que a equipe registrou 58 mortes de palestinos na Cisjordânia, incluindo 13 crianças, por forças de segurança de Israel desde o início deste ano. Ela instou Tel Aviv a iniciar investigações criminais. "O direito internacional exige uma investigação imediata, completa, transparente, independente e imparcial de todo uso de força que resulte em morte ou ferimentos graves", afirmou Shamdasani. "Os autores devem ser responsabilizados."

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