Mourão deseja sorte a Petro e diz que relação com Colômbia independe de governo

Eleito neste domingo, ex-guerrilheiro será primeiro líder de esquerda a comandar o país

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Brasília

Após a Colômbia eleger Gustavo Petro, primeiro presidente de esquerda do país, o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, afirmou que a relação entre as duas nações independe do governo de momento.

"A relação é de Estado para Estado, independentemente do governo", disse ele nesta segunda-feira (20).

"[Desejo] sorte ao Gustavo Petro, porque administrar um país na situação que o mundo está enfrentando não é simples. Temos interesses comuns com os colombianos, principalmente na questão da Amazônia."

Hamilton Mourão em entrevista coletiva no Palácio do Itamaraty, em Brasília
Hamilton Mourão em entrevista coletiva no Palácio do Itamaraty, em Brasília - Gabriela Biló - 23.mai.22/Folhapress

O presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda não se pronunciou oficialmente sobre o novo chefe colombiano. Em uma lista de transmissão que mantém no WhatsApp, no entanto, ele questionou se o Brasil seria o próximo país a eleger um líder de esquerda.

Como mostrou a coluna Mônica Bergamo, da Folha, Bolsonaro encaminhou neste grupo uma imagem de uma matéria da BBC News Brasil que tem o título "Ex-guerrilheiro vence eleição na Colômbia e será primeiro presidente de esquerda do país".

Abaixo da foto, escreveu: "Cuba... Venezuela... Argentina... Chile... Colômbia... Brasil???", numa referência ao fato de a esquerda, com Lula, ter chance de voltar ao poder no país.

Também nesta segunda, Bolsonaro comentou com apoiadores o sequestro do empresário Abílio Diniz por grupos de esquerda, em 1989. Quando uma pessoa citou a Colômbia na conversa, o presidente comentou: "É um ex-guerrilheiro do MIR, movimento de esquerda revolucionária". A cena foi registrada em vídeo.

A fala, no entanto, não deixa claro se ele se referia a Petro —que na verdade é ex-guerrilheiro do movimento M-19— ou à participação de integrantes do MIR —que é chileno— no sequestro de Diniz.

Petro foi eleito presidente neste domingo (19), com 50,44% dos votos, em um país que nunca havia visto um presidente que não fosse de direita em sua história.

De acordo com ministros e interlocutores de Bolsonaro, o presidente chamou a atenção também para a alta abstenção da eleição colombiana. O voto não é obrigatório no país, e cerca de 45% dos cidadãos habilitados a votar não compareceram às urnas. Ainda que alta, a cifra configura a menor abstenção em duas décadas na Colômbia.

Bolsonaro, no entanto, estaria preocupado com a possibilidade de a abstenção no Brasil também ser alta, mesmo com o voto obrigatório. Além de evidenciar o fortalecimento da esquerda na América Latina –candidatos progressistas venceram as eleições na Bolívia, no Peru e no Chile, além de já estarem no poder na Argentina–, a vitória de Petro teve outro simbolismo: foi reconhecida por seu principal opositor, Rodolfo Hernández, menos de uma hora depois da divulgação dos resultados.

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