Milhares de turistas britânicos ficaram retidos em países do exterior depois de problemas operacionais em série afetarem companhias aéreas e aeroportos. A situação piorou entre sábado e domingo, no final do feriado do Jubileu de Platina da rainha Elizabeth 2ª.
As empresas cancelaram quase 500 voos que tinham o Reino Unido como origem ou destino durante as festividades de quatro dias. Dezenas das suspensões foram feitas em cima da hora, segundo a empresa de dados Cirium.
A companhia low cost EasyJet fez muitos desses cancelamentos e confirmou o acréscimo de outros 37 voos à lista nesta segunda-feira (6). Os passageiros, segundo o comunicado, foram informados antes de chegarem ao aeroporto. A empresa acrescentou que espera nos próximos dias "níveis semelhantes de cancelamentos antecipados, de cerca de 30 voos por dia".
A companhia aérea disse que a grande maioria de seus voos operava normalmente e culpou "o atual ambiente operacional desafiador" pela interrupção, citando que não há problemas de falta de tripulação para a alta temporada de verão no hemisfério Norte.
Ao todo, cerca de 15 mil passageiros foram atingidos por mudanças de última hora somente neste domingo (5). De acordo com a consultoria de viagens PC Agency, podem ser necessários três dias para que os atrasos sejam compensados e todos consigam voltar.
Muitos dos que tiveram voos cancelados são funcionários de escolas e alunos que fariam provas nesta semana. Michael Norman, que tinha uma viagem de Faro, no sul de Portugal, para Manchester no domingo, disse que a EasyJet não informou aos passageiros sobre o cancelamento até que estivessem no portão de embarque.
Ele afirma que gastou 750 libras (R$ 4.500) em hospedagem e novos voos, depois de ouvir da empresa que ele seria realocado no "próximo voo disponível", sobre o qual não havia informação de data ou hora. "Não temos ideia de nada, é como se tivessem me abandonado. Eles não deveriam levar as pessoas para viajar de férias se não podem levá-las de volta."
Os passageiros sofreram com dez dias de interrupções, atrasos e cancelamentos em muitos aeroportos do Reino Unido, em um momento em que a indústria da aviação luta para enfrentar um crescimento na demanda por viagens.
Os problemas se espalharam ainda por outras partes da Europa, incluindo Holanda, Irlanda e Suécia. Nos Estados Unidos, o problema persiste há mais de um ano, com picos tendo sido registrados no começo deste ano, quando a uma onda de mau tempo se somou a alta dos casos de Covid ligados à variante ômicron, impactando as tripulações.
No Reino Unido, o governo, as companhias aéreas e os aeroportos se comprometeram a trabalhar juntos para resolver a crise, após uma reunião de emergência realizada na semana passada.
Do encontro foi criado um grupo de trabalho para analisar como o poder público poderia agir de forma a ajudar as empresas a mobilizar seus funcionários de linha de frente. As companhias sugeriram reduzir o período de verificação de antecedentes profissionais e permitir que detalhes dessa burocracia de contratação sejam informados diretamente pelo empregador ao departamento de alfândegas, de acordo com uma pessoa informada sobre o assunto.
Representantes do governo rejeitaram o pedido para afrouxar regras de imigração impostas pelo brexit —medida que, segundo as aéreas, permitiria que trabalhadores estrangeiros qualificados pudessem entrar no país mais facilmente para ajudar a aliviar a crise. Segundo a administração federal, o segmento é culpado por demitir muitos funcionários e vender passagens em excesso.
"O setor aéreo foi o primeiro a entrar e o último a sair das restrições governamentais [para conter a pandemia]. Agora as viagens estão voltando mais rapidamente que o previsto e as companhias aéreas estão tendo que correr atrás, em um mercado de trabalho já saturado", diz Andrew Crawley, diretor comercial da American Express Global Business Travel.
O tom de confronto adotado pelo governo britânico frustrou alguns no setor, que sentem que o apoio oficial durante a crise não foi suficiente. O secretário de Transportes, Grant Shapps, disse na semana passada que o governo forneceu 8 bilhões de libras (R$ 48 bilhões) em auxílio durante a pandemia, mas mais da metade disso serviu para abater empréstimos comerciais que haviam sido captados de forma privada.
Nesta segunda-feira, o aeroporto de Heathrow, em Londres, informou que deve recrutar mais mil funcionários e que no próximo dia 14 de junho o terminal 4 reabrirá pela primeira vez em dois anos para ajudar a liberar espaço em outras áreas.
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