Descrição de chapéu Financial Times aeroportos férias

Onda de cancelamento de voos afeta milhares de turistas britânicos em feriado do Jubileu

Cerca de 15 mil passageiros foram prejudicados só neste domingo; outros países também registram problemas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Philip Georgiadis
Londres | Financial Times

Milhares de turistas britânicos ficaram retidos em países do exterior depois de problemas operacionais em série afetarem companhias aéreas e aeroportos. A situação piorou entre sábado e domingo, no final do feriado do Jubileu de Platina da rainha Elizabeth 2ª.

As empresas cancelaram quase 500 voos que tinham o Reino Unido como origem ou destino durante as festividades de quatro dias. Dezenas das suspensões foram feitas em cima da hora, segundo a empresa de dados Cirium.

A companhia low cost EasyJet fez muitos desses cancelamentos e confirmou o acréscimo de outros 37 voos à lista nesta segunda-feira (6). Os passageiros, segundo o comunicado, foram informados antes de chegarem ao aeroporto. A empresa acrescentou que espera nos próximos dias "níveis semelhantes de cancelamentos antecipados, de cerca de 30 voos por dia".

Passageiros aguardam em fila no aeroporto de Schiphol, em Amsterdã, em meio a onda de cancelamentos na Europa - Daniel Angus no Twitter - 4.jun.22/Reuters

A companhia aérea disse que a grande maioria de seus voos operava normalmente e culpou "o atual ambiente operacional desafiador" pela interrupção, citando que não há problemas de falta de tripulação para a alta temporada de verão no hemisfério Norte.

Ao todo, cerca de 15 mil passageiros foram atingidos por mudanças de última hora somente neste domingo (5). De acordo com a consultoria de viagens PC Agency, podem ser necessários três dias para que os atrasos sejam compensados e todos consigam voltar.

Muitos dos que tiveram voos cancelados são funcionários de escolas e alunos que fariam provas nesta semana. Michael Norman, que tinha uma viagem de Faro, no sul de Portugal, para Manchester no domingo, disse que a EasyJet não informou aos passageiros sobre o cancelamento até que estivessem no portão de embarque.

Ele afirma que gastou 750 libras (R$ 4.500) em hospedagem e novos voos, depois de ouvir da empresa que ele seria realocado no "próximo voo disponível", sobre o qual não havia informação de data ou hora. "Não temos ideia de nada, é como se tivessem me abandonado. Eles não deveriam levar as pessoas para viajar de férias se não podem levá-las de volta."

Os passageiros sofreram com dez dias de interrupções, atrasos e cancelamentos em muitos aeroportos do Reino Unido, em um momento em que a indústria da aviação luta para enfrentar um crescimento na demanda por viagens.

Os problemas se espalharam ainda por outras partes da Europa, incluindo Holanda, Irlanda e Suécia. Nos Estados Unidos, o problema persiste há mais de um ano, com picos tendo sido registrados no começo deste ano, quando a uma onda de mau tempo se somou a alta dos casos de Covid ligados à variante ômicron, impactando as tripulações.

No Reino Unido, o governo, as companhias aéreas e os aeroportos se comprometeram a trabalhar juntos para resolver a crise, após uma reunião de emergência realizada na semana passada.

Do encontro foi criado um grupo de trabalho para analisar como o poder público poderia agir de forma a ajudar as empresas a mobilizar seus funcionários de linha de frente. As companhias sugeriram reduzir o período de verificação de antecedentes profissionais e permitir que detalhes dessa burocracia de contratação sejam informados diretamente pelo empregador ao departamento de alfândegas, de acordo com uma pessoa informada sobre o assunto.

Representantes do governo rejeitaram o pedido para afrouxar regras de imigração impostas pelo brexit —medida que, segundo as aéreas, permitiria que trabalhadores estrangeiros qualificados pudessem entrar no país mais facilmente para ajudar a aliviar a crise. Segundo a administração federal, o segmento é culpado por demitir muitos funcionários e vender passagens em excesso.

"O setor aéreo foi o primeiro a entrar e o último a sair das restrições governamentais [para conter a pandemia]. Agora as viagens estão voltando mais rapidamente que o previsto e as companhias aéreas estão tendo que correr atrás, em um mercado de trabalho já saturado", diz Andrew Crawley, diretor comercial da American Express Global Business Travel.

O tom de confronto adotado pelo governo britânico frustrou alguns no setor, que sentem que o apoio oficial durante a crise não foi suficiente. O secretário de Transportes, Grant Shapps, disse na semana passada que o governo forneceu 8 bilhões de libras (R$ 48 bilhões) em auxílio durante a pandemia, mas mais da metade disso serviu para abater empréstimos comerciais que haviam sido captados de forma privada.

Nesta segunda-feira, o aeroporto de Heathrow, em Londres, informou que deve recrutar mais mil funcionários e que no próximo dia 14 de junho o terminal 4 reabrirá pela primeira vez em dois anos para ajudar a liberar espaço em outras áreas.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.